O grupo mineiro de cosméticos e produtos de saúde Farmax foi comprado pelo fundo Vinci Partners em 2021 e tem a meta de chegar à receita de líquida de R$ 1 bilhão até 2026. Para isso, vem adquirindo uma série de marcas independentes ou de tamanho menor que o seu . A Negra Rosa foi comprada com 54 produtos e registrava vendas de R$ 10 milhões anuais.
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Transição capilar e sócia via internet
No começo, os produtos da Negra Rosa chegavam aos consumidores por pequenos lojistas e revendedoras, ajudando a gerar renda extra para esse grupo de mulheres. A necessidade das consumidoras verem de perto os produtos e saber se eles são adequados aos seus tons de pele favoreceu a venda física. “Muitas mulheres se identificaram com a marca. Ter revendedoras negras fez parte da estratégia. “Agora estou vendendo produtos que foram feitos para mim”, diz Silva, sobre como essas mulheres se relacionavam com os produtos que revendiam.
A preocupação com a qualidade dos produtos
Rosangela Silva conta que a histórica falta de produtos voltados para mulheres negras as afasta do mercado de beleza, a ponto de não considerá-las como um público-alvo a ser atendido. Por isso, desde a criação de seus primeiros produtos, linhas de batons e bases, ela se preocupou em desenvolver as tecnologias – como pigmentação para lábios e tons de base – que melhor funcionavam para mulheres negras como ela. “Eu uso meus produtos. Minha mãe e minhas sobrinhas vão usá-los também”, diz Silva.
A atual diretora de criação, inclusive, participa ativamente da publicação dos conteúdos nas redes sociais da Negra Rosa, testando os produtos em si mesma e nas mulheres da sua família para que outras negras se identificassem com esses processos de autocuidado. “Em casa, tenho várias texturas de cabelo para testar e, também, um termômetro para eu saber como o produto está funcionando a longo prazo, porque eu sei que essas pessoas que estão usando o meu produto vão ser honestas comigo.”
O mercado da beleza para mulheres negras
Por ter convivido com mulheres negras que não gostam de olhar fotografias antigas, nas quais a maquiagem parece esbranquiçar seus rostos, a fundadora da Negra Rosa já vê uma mudança na relação de meninas e adolescentes com produtos de beleza. “Muitas vezes, falar ‘não gosto de maquiagem’ é uma defesa do descontentamento de não ter um produto feito para você”, ela diz. “São muitas questões que atravessam a compra de uma mulher negra no mercado da beleza.”
Com a aquisição da Negra Rosa pela Farmax, a marca entrou no mercado de skin care e ainda planeja ter novos pontos de venda, especialmente as farmácias, que são acessadas por grande parte das mulheres negras. “No mercado da beleza, ouvimos os nomes de muitas marcas, mas o racismo estrutural dificulta que a minha seja tratada como referência”, diz Silva. Hoje, a diretora de criação continua participando de perto do desenvolvimento de seus produtos, além de representar a marca como sua fundadora.