Millena é cofundadora da Prep Olimpíadas, que fomenta a participação de jovens em olimpíadas científicas, e faz parte da lista Forbes Under 30 2023. Sua organização já palestrou em mais de 200 escolas e tem um braço de inteligência artificial, o Prep AI, que ensina história e matemática e responde a dúvidas dos estudantes sobre as olimpíadas. “No ChatGPT eles não encontram essas informações, porque são assuntos muito específicos”, diz a cientista, que também não encontrou apoio da escola quando começou a se interessar pelas olimpíadas.
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“Eu podia ter parado por aí”, diz ela que, em vez disso, resolveu mudar de escola e de cidade. Natural de Juiz de Fora (MG), aos 15 anos passou a morar sozinha em Viçosa, a pouco mais de 150 km da casa de sua família, para estudar em um colégio federal que a apoia em atividades extracurriculares.
Millena é também a única brasileira no comitê do IRO (International Research Olympiad), ao lado de professores seniores das melhores universidades do mundo. “Os reconhecimentos externos ajudam”, diz, em relação à insegurança de ocupar espaços que podem ser intimidadores para uma jovem mulher. “Mesmo com projetos de inclusão, as salas de estudantes de engenharia ainda são majoritariamente masculinas.”
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Desenvolveu um software para diagnosticar autismo
Presidente da Prep Olimpíadas, que já teve 300 voluntários em 3 anos, Millena lidera as equipes enquanto toca outros projetos de pesquisa e estuda para passar na faculdade. Ela quer fazer engenharia biomédica em Stanford, nos EUA. “Mas pretendo voltar para o Brasil para tocar meus negócios aqui.”
No seu currículo também tem pesquisas sobre autismo e um software desenvolvido por ela que usa inteligência artificial para diagnosticar pessoas do espectro autista. “Tenho primos que têm autismo e um colega de sala que descobriu com 18 anos, o que me fez pensar que o diagnóstico não é acessível.”
Ela recebeu uma bolsa integral para pesquisar sobre o assunto pela BRASA, a associação de estudantes brasileiros no exterior. E foi convidada a levar seu projeto para a ICYS (Conferência Internacional de Jovens Cientistas), que acontece este ano na Turquia. “As oportunidades estão aí, mas ainda não temos apoio para representar o Brasil.”
Para vislumbrar um caminho na ciência, Millena se inspirou na trajetória de Tabata Amaral, que antes de entrar para a política também foi campeã em olimpíadas científicas e estudou em Harvard. E na de Jaqueline Góes, biomédica conhecida por ter sequenciado o genoma do vírus da Covid-19 em tempo recorde. “Estão surgindo cada vez mais cientistas mulheres para trazer inovação em todas as áreas. E precisamos nos apoiar para chegar aonde queremos.”