A pesquisa, publicada na revista Strategic Management Journal, analisou 383 milhões de classificações do IMDb de 4.012 filmes lançados entre 1992 e 2018. Cerca de 28% desses filmes tinham protagonistas femininas.
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Os pesquisadores descobriram que filmes protagonizados por mulheres recebem avaliações mais baixas do que aqueles com protagonistas homens. Esse viés de gênero persiste mesmo levando em conta variáveis como o envolvimento de um grande estúdio cinematográfico, o gênero do filme e os níveis de violência, sexualidade, palavrões e nudez, além da data de lançamento.
Confirmando o viés de gênero
Filmes com protagonistas femininas também dividem opiniões entre os espectadores, sugerindo uma disparidade no consenso sobre a qualidade da produção. Bryan Stroube, professor de estratégia e empreendedorismo na London Business School e principal autor do estudo, explica como isso funcionaria na prática para um filme mediano, com nota 6,5 de 10. “Se for um filme protagonizado por um homem, as pessoas tendem a concordar que é mediano. Mas se for protagonizado por uma mulher, divide mais opiniões. Ou as pessoas gostam muito, ou não gostam.”
Para verificar se o gênero do protagonista estava alterando os resultados do estudo, os pesquisadores desenvolveram um experimento.
Usando o ChatGPT, eles geraram sinopses de filmes em 20 gêneros diferentes e apresentaram a mais de 800 participantes. Cada sinopse foi aleatoriamente atribuída a um protagonista homem ou mulher antes de ser avaliada pelos participantes. Os resultados, de maneira geral, replicaram a análise das avaliações do IMDb.
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Por que “Barbie” foi esnobado pelo Oscar?
Os resultados do estudo podem fornecer alguns insights sobre por que “Barbie” foi esnobado em algumas categorias do Oscar. A pesquisa sugere que o preconceito de gênero e a maior divisão de opiniões sobre filmes protagonizados por mulheres são alguns dos motivos.
A análise das avaliações do IMDb revela um viés, especialmente por parte dos homens, contra filmes protagonizados por mulheres. Na Academia [de Artes e Ciências Cinematográficas], prevalece uma maioria masculina, com mulheres constituindo apenas 34% dos aproximadamente 10 mil membros votantes. “Barbie” conseguiu uma indicação de Melhor Filme, votada por toda a Academia. No entanto, para indicações de direção, a votação é restrita à categoria de diretores, que é ainda menos diversa: apenas 25% são mulheres.
Polarização
No IMDb, mais de 12% deram ao filme a nota máxima, dez estrelas, enquanto 8% dos avaliadores deram a nota mínima, uma estrela, indicando pouca concordância sobre a qualidade do filme. O IMDb não revela mais o gênero dos avaliadores, então não é possível analisar como homens e mulheres podem ter avaliado o longa de forma diferente.
“Barbie” foi lançado depois de 2018, portanto não foi incluído no estudo. No entanto, Stroube observa que o filme pode enfrentar um obstáculo adicional. “O aspecto de gênero do filme gerou um debate cultural próprio”, explica. Stroube cita como exemplo o remake de “Ghostbusters” de 2016, que tinha um elenco majoritariamente feminino. Assim como “Barbie”, o filme de 2016 foi odiado (17,6% deram uma estrela no IMDb) e também amado (pouco menos de 10% dos espectadores classificaram com 10 estrelas).
Os comentários negativos sobre o remake incluíam pérolas como: “É por isso que as feministas não deveriam ter o que querem”. “Isso é muito mais uma discussão cultural do que uma avaliação legítima de qualidade”, diz Stroube.
“Barbie” pode enfrentar os mesmos problemas, já que várias avaliações com uma estrela no IMDb mencionam que o filme é “sexista contra os homens”.
* Kim Elsesser é colaboradora sênior da Forbes US. Ela é especialista em vieses inconscientes de gênero e professora de gênero na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).