Para além dos encontros entre executivos de empresas diferentes, essas redes de relacionamento envolvem cada vez mais empresários e empreendedores. No entanto, ainda é um universo predominantemente masculino.
Segundo um levantamento do LinkedIn realizado em diversos países, a probabilidade de uma mulher construir um network poderoso por meio da rede social é menor que a de um homem. A diferença oscila dos 14% entre as indianas até os 38% entre as mulheres de Singapura. No Brasil, a probabilidade contra as mulheres é de 27%, mais ou menos na média.
Teto de vidro
Há boas razões para isso. A dinâmica de um executivo ou empreendedor é semelhante à de uma executiva ou empreendedora. Semelhante, mas não igual. Para além do teto de vidro – um limite que as mulheres atingem quando chegam a um determinado nível da carreira, sem a possibilidade de avançar –, a mulher empreendedora tem de enfrentar a tristemente famosa dupla ou tripla jornada, o que não facilita as possibilidades de networking.
Há comprovação acadêmica disso. Uma pesquisa do professor americano Brian Uzzi, da universidade americana Kellogg, publicada em 2019 na Harvard Business Review, comprova que as necessidades de networking das mulheres são diferentes dos requisitos masculinos. “As mulheres em busca de oportunidades frequentemente enfrentam obstáculos que os homens não enfrentam”, escreveu ele. “Assim, elas se beneficiam proporcionalmente mais de um círculo próximo de contatos femininos que podem compartilhar informações.”
O trabalho de Uzzi analisou a busca por posições executivas entre estudantes de MBA americanas no fim da década passada. No entanto, os princípios também valem para as donas dos próprios negócios. Daí a importância do networking para as empreendedoras.
Donas do próprio negócio
Elas pagam juros mais elevados (mesmo sendo menos inadimplentes) e suas empresas têm menos probabilidade estatística de crescimento. Cerca de 82% são afrobrasileiras, 98% pertencem às classes de renda mais baixa e 83% empreendem por necessidade. “Daí a dificuldade de montar um network eficaz”, diz a publicitária Cíntia Almeida, fundadora da confraria Somos. “Não adianta colocar a empreendedora por necessidade ao lado da empreendedora que possui um negócio estruturado e pensa na expansão e até na internacionalização.”
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A Somos é a maior rede de empreendedoras qualificadas do País. Fundada há seis anos na zona norte da cidade de São Paulo, a Somos reúne 218 empresárias. Desse grupo, 62% têm pós-graduação e 63,1% possuem suas empresas há cinco anos ou mais.
Segundo dados auditados pelo Sebrae, o ecossistema movimentou R$ 2 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma expansão de dois dígitos em relação ao trimestre anterior. “Mulheres precisam estar com mulheres na hora de empreender”, diz Almeida. “Elas compartilham melhor as dores e as soluções de cada jornada.”