“O ano de 2020 começou a todo vapor para o içougue. Desde agosto de 2018, quando mudamos nosso modelo de negócio de B2C para B2B, já tínhamos atendido mais de 3 mil estabelecimentos na grande São Paulo, entregando os mais variados cortes de carne para bares, restaurantes, açougues, lanchonetes e padarias. A plataforma estava crescendo. Em fevereiro deste ano, tínhamos lançado uma linha de crédito para pequenos lojistas, com prazos de pagamento maiores do que os oferecidos pelos frigoríficos tradicionais e uma linha de até R$ 700 para pedidos semanais. O crescimento estava em 20% de uma semana para outra, como recomenda os melhores manuais sobre startups. As vendas somavam entre R$ 100 mil e R$ 150 mil por dia. Eu sentia que esse seria o nosso ano.
Até que, no começo de março, tudo parou. No dia 10, não fizemos nenhuma venda. E nos dias seguintes, o cenário se repetiu. Bateu o desespero. Como pagar os empréstimos e os salários da equipe? Como sobreviver?
Depois de falar com um de nossos parceiros, decidi lançar uma operação emergencial de delivery direto ao consumidor – uma volta às origens – na grande São Paulo, com uma proposta simples e objetiva: porções de carnes em embalagens de 500 gramas e 1 quilo entregues em até duas horas. Estabelecemos um padrão: produtos selecionados, a vácuo, e preço justo.
Em seguida, eu e meus sócios, Renan Soares, de tecnologia, e Fernando Fernandes, de operações, viramos três madrugadas para colocar a plataforma no ar. Então recebemos o primeiro pedido. E o segundo. Hoje, já são mais de 1 mil. Era fazer isso ou quebrar.
Para nossa surpresa, começaram a chegar pedidos de outros estados, principalmente Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Mas não parou por aí. Hoje, 70 dias depois do início da operação B2C, estamos atendendo 75 cidades de 13 estados, com a parceria de açougues locais. Outras 400 cidades estão na fila de espera, enquanto nos adaptamos para conseguir atendê-las rapidamente.
Como dizem que é o olho do dono que engorda o gado, montamos um centro de distribuição no bairro da Consolação, na capital paulista. É lá que operamos e é de lá que nos estruturamos para o lançamento, na última terça-feira (16), da linha premium de churrasco, com cortes nobres das raças angus e wagyu e opções para os veganos, como as carnes à base de plantas da Fazenda Futuro. Os brasileiros amam carne, mas ainda comem mal e pagam caro por elas. Tenho convicção de que, quando a pandemia passar, estaremos prontos para abastecer com esses produtos toda a região da grande São Paulo. E, na sequência, expandir.
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Além disso, criamos o que temos chamado de ‘dark açougue’, um modelo de micro franquia que pretendemos levar para todas as capitais do país. A ideia é similar às dark kitchens, ou seja, uma operação de delivery que dispensa a necessidade de instalações físicas para atendimento ao consumidor. Isso barateia o negócio, já que qualquer sala comercial serve. Duas – próprias – já estão em operação no centro e na zona sul da cidade. A primeira no modelo de franquia será aberta em duas semanas em Santana, na zona norte. O próximo passo é o Rio de Janeiro. Também notamos um grande interesse de brasileiros que vivem no exterior e estão contratando nossos serviços para os pais, que vivem aqui. Isso nos faz pensar em expandir também para além das fronteiras.
Por isso, quando me perguntam se a pandemia de Covid-19 foi ruim para os negócios, minha resposta é sim e não. A crise impactou as vendas no atacado de forma significativa, mas nos obrigou a fazer um movimento que acabou se revelando muito promissor. O cenário atual contribuiu para que as pessoas se habituassem mais às compras por aplicativo e agora elas estão também começando a ‘perder o medo’ de pedir carne pela internet. Além disso, notamos, na última semana, que as vendas por atacado estão ensaiando uma recuperação, o que significa que, a partir de agora, nosso modelo de atuação é B2B2C. Por tudo isso, nossa expectativa se mantém no patamar de crescimento de 20% por semana.”
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