A startup é responsável pelo desenvolvimento da solução video.bot, tecnologia capaz de criar bots com voz e apelo visual para explicar pontos complexos na nova jornada digital do consumidor ou colaborador. “Nós, humanos, temos pouca capacidade de abstração e sempre que um bot precisar explicar algo complexo para um humano, ele terá que comunicar de forma visual e ilustrar conceitos em tempo real, por isso, criamos uma solução capaz de traduzir isso”, explica o CEO e fundador, Daniel Uchôa. O objetivo é melhorar a experiência digital de consumidores e colaboradores e, assim, aumentar o engajamento e reduzir o churn de clientes e o turnover de colaboradores, problema que custa bilhões anualmente às grandes empresas.
Até 2017, a iniciativa funcionava com duas turmas por ano, com chamadas abertas, workshops, capacitação e investimento, de forma que as empresas pudessem realmente sair prontas para ganhar mercado. “Desde 2016, no entanto, vínhamos notando uma mudança nos empreendedores, que já nos pareciam muito mais maduros. Eram pessoas que já tinham passado pelo mercado de trabalho e identificado problemas”, diz ela, citando como exemplo a HRTech Gupy, criada por executivas egressas da Ambev. “As necessidades estavam mudando.”
Carolina conta que outro fator que contribuiu para uma mudança no posicionamento da Wayra foi o fato de a companhia considerar a América Latina um mercado com baixa liquidez, ou seja, difícil de fazer bons e rápidos exits – ponto de saída, quando as startups são vendidas. “Então passamos a considerar negócios entre essas startups e a própria companhia enquanto nós, como investidores, ainda fizéssemos parte delas”, conta. A partir daí, o olhar da companhia telefônica passou a ser mais direcionado para startups que tivessem alguma convergência com o negócio, ou seja, que pudessem endereçar algum problema ou criar oportunidades, tornando a Wayra um hub de inovação aberta da Vivo no Brasil e da Telefónica no mundo. “No entanto, isso não é uma condição. Como investidores, também podemos apostar em outros negócios e apresentá-los ao mercado.”
DINHEIRO NA MESA
Tudo isso é suportado, em parte, pelo Telefónica Innovation Ventures, fundo próprio criado em 2006, e pelas políticas de LP (limited partnership), que preveem investimentos em outros fundos, como os feitos em 2014 na Invest Tech e em março deste ano na Redpoint eventures. Até o momento, mais de 900 empresas já foram apoiadas pelo grupo em nível mundial, 78 no Brasil, das quais 34 continuam no portfólio atual.
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À frente da operação de identificação de startups com potencial de negócio, Carolina lança mão de contatos com qualquer um que possa contribuir – fundos, comunidades de startups, hubs de inovação. Em paralelo, há um mapeamento interno que aponta necessidades e possíveis oportunidades. E, para completar, consulta a bases de dados, indicações e propostas que chegam diretamente pelo site. “Às vezes, em caso de necessidades específicas, abrimos alguns programas”, conta, citando como exemplo o Agro IoT Lab, de 2018, em parceria com Vivo, Ericsson, Raízen e seu hub de inovação, o Pulse, para identificar tecnologias do campo que usassem a banda 450 MHz e plataformas de internet das coisas. “Das 30 inscritas, selecionamos seis e investimos em duas”, lembra.
Anualmente, a empresa consegue apoiar entre duas e seis startups, mas Carolina explica que nem sempre consegue gastar todo o dinheiro a quem tem direito e reconhece as dificuldades de sair do eixo Rio-São Paulo. Mas dá algumas pistas para quem vai trilhar esse caminho e precisa de apoio. “O primeiro passo é entender quem é o investidor. Dá para conhecer o perfil ao entrar nos sites de cada um e ver quais são as investidas. E fazer propostas que façam sentidos para ambos os lados. Ninguém vai investir apenas porque acha o negócio interessante ou porque gosta de um setor específico”, diz.
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Em seguida, Carolina diz que o empreendedor tem que conseguir descrever sua ideia de maneira eficiente – inclusive com números –, antes mesmo do contato humano. “Isso é o que olhamos primeiro. Se interessar, damos prosseguimento. Mas, de imediato, temos que reconhecer que aquela solução vai, de fato, resolver um problema e se tem gente disposta a pagar por aquilo”, diz, explicando que, no caso específico da Wayra, que trabalha com startups mais maduras, modelos já validados também acabam contando a favor. “Além disso, como somos investidores, precisamos saber, ainda, se há mercado em escala para a ideia apresentada”, diz, citando como outros exemplos de empresas investidas a Mediação Online (MOL), que fez sua saída recentemente, e a Netshow.me, especializada em soluções de gerenciamento, distribuição e monetização de conteúdos digitais que pivotou durante a pandemia e cresceu 425%.
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