Um ano depois de ter chegado ao Brasil, o aplicativo de meditação Calm investe na visão de ecossistema e acelera o foco em empresas para impulsionar crescimento, com parcerias com empresas como a plataforma de benefícios corporativos Gympass.
Junto com a Headspace, a startup baseada em São Francisco é um dos principais players globais no segmento de serviços digitais de bem-estar. O aplicativo da Calm já teve mais de 19 milhões de downloads e a empresa tem uma base de mais de 3 milhões de assinantes em 190 países da ferramenta. O app está sendo indicado pelo Gympass para crianças e usuários adultos, para ajudar em dificuldades do sono, alívio do estresse e aumento da concentração – todos problemas que inevitavelmente impactam a produtividade no trabalho.
Siga todas as novidades da Forbes Insider no Telegram
O Brasil é um dos mercados de maior crescimento para a empresa, que traduz seus conteúdos de maior sucesso para o português e também produz itens locais através de parcerias como a que selou com o ator Cauã Reymond. Segundo o diretor de estratégia da empresa, Alex Will, o Brasil – que é o segundo país com maior incidência de estresse no mundo, segundo a International Stress Management Association – está entre os mercados em que há uma aderência crescente a serviços focados em saúde mental.
“A revolução de boa forma física que começou 50 anos atrás, e agora vemos o começo de uma revolução da boa forma mental e notamos que, no Brasil, existe um movimento para além do fitness físico e um foco em cuidar da mente”, diz o executivo, em entrevista exclusiva com a Forbes.
Segundo Will, o Calm já tinha intenções de lançar uma oferta corporativa há algum tempo, e o projeto foi acelerado com a pandemia, dado o crescente interesse de empresas por ajudar a preservar o bem-estar psicológico de seus funcionários. “Antes [soluções de saúde mental] eram algo legal de se ter em uma empresa, e agora são necessárias”, aponta, ressaltando que usuários não precisam estar passando por problemas de saúde mental para beneficiarem-se da ferramenta, que conta com recursos como histórias de ninar.
VEJA TAMBÉM: Conheça 17 famosos adeptos do mindfulness e da meditação
O apelo do aplicativo para empresas também se deve à facilidade e rapidez de implementação: segundo o executivo, é possível entregar a ferramenta para companhias que empregam milhares de pessoas em uma questão de dias. Além disso, o fato de que a marca é conhecida entre o público consumidor também ajuda.
“Nós nunca conseguiríamos crescer tanto [no segmento corporativo] se não tivéssemos uma marca forte entre consumidores e milhões de reviews do nosso aplicativo, pois a parte mais difícil [em operar no espaço B2B] é educar o cliente sobre a sua empresa. No nosso caso, muitos [dos tomadores de decisão] que compram o app para suas empresas já o utilizavam anteriormente”, detalha.
A Calm não abre o número de empresas que já compram sua oferta corporativa de bem-estar baseada em um aplicativo de smartphone, mas Will diz que o portfólio tem desde “empresas que empregam de 200 a 20.000 pessoas”. A startup norte-americana, que por sua vez tem 150 funcionários, conta com um time de 25 pessoas no braço corporativo, que atualmente é a fonte de maior crescimento da empresa.
Além do foco no segmento corporativo, a Calm aposta em uma visão de ecossistema, bem como formas de entrar no mundo offline. Parcerias neste sentido incluem um livro publicado com a editora Penguin e produtos, como cobertores, relacionados a experiências de bem-estar.
A empresa também prevê parcerias com provedores de serviços financeiros, como a American Express, em que clientes recebem um ano de uso do aplicativo como parte dos mimos ofertados aos clientes. Segundo Will, a Calm quer reproduzir este formato no Brasil, unindo-se com empresas no segmento de fintech, por exemplo. “Existem muitas oportunidades no Brasil, tanto em termos de empresas que querem oferecer o aplicativo para seus funcionários, quanto empresas que querem posicionar [serviços de] saúde mental como parte de sua proposta de valor para clientes”, ressalta.
Com relação à parceria com a Gympass, Will se diz otimista: “Acreditamos na empresa que [a gestão da Gympass] está construindo e em como eles estão tornando benefícios corporativos de bem-estar disponíveis para empresas no mundo inteiro. No que diz respeito ao Brasil em particular, trata-se do nosso maior mercado na América Latina, e é muito importante para nós, por isso estamos animados”, diz o executivo, acrescentando que a parceria com a Gympass está alinhada com a estratégia de ecossistema da Calm.
COLHENDO FRUTOS
Desde o início da crise da Covid-19, a Gympass fez alterações em seu modelo de negócios. A empresa do brasileiro César Carvalho começou como um serviço corporativo de academias e, com a pandemia, pivotou para se tornar uma plataforma com serviços digitais que abordam diversos aspectos de bem-estar físico e mental. Entre os parceiros nessa nova fase que abrange o equilíbrio emocional, está o Zen App, aplicativo brasileiro de meditação e bem-estar, criado por Juliana Goes e Christian Wolthers.
Segundo Priscila Siqueira, CEO da Gympass no Brasil, a parceria é resultado dos vários pedidos que a startup recebeu para que o Calm fosse integrado à plataforma: “O isolamento social nos trouxe alguns desafios. Tivemos que nos adaptar ao trabalho remoto e aprender a equilibrar a vida pessoal e profissional”, diz a executiva, sobre os pedidos de empresas e usuários para que o aplicativo fosse oferecido. “Sabemos que o aplicativo é referência e já estávamos com isso no radar.”
Com base na observação dos padrões de uso do aplicativo, Priscila diz que é possível ver que usuários optaram mais por músicas relaxantes, meditação e histórias para melhorar a qualidade do sono. Além disso, ela nota que as sessões de meditação mais buscadas foram as que abordam temas como estresse, ansiedade, autoestima e maneiras de aumentar a concentração e cultivar a gratidão. “Isso só mostrou o quanto as pessoas estão realmente precisando de ferramentas acessíveis para cuidar da saúde”, aponta a executiva.
LEIA MAIS: Exclusivo: Gympass quer funcionalismo público para crescer no Brasil
Juntamente à reformulação do negócio para acompanhar as novas imperativas da pandemia, Priscila diz que o crescente interesse por programas de bem-estar que abrangem a saúde física e emocional tem rendido bons frutos para a Gympass. Segundo a CEO, a solução híbrida trouxe mais de 40 novos contratos entre a startup e empresas globalmente desde o início da pandemia.
Com novos produtos e medidas para apoiar o ecossistema de parceiros, como aulas de atividades físicas online, Priscila diz a startup vai continuar a fortalecer seu modelo, cujo foco é ajudar empresas a cuidarem da saúde física e emocional de seus colaboradores. “As academias estão retomando suas atividades presencialmente de acordo com o relaxamento das restrições de cada região, mas as empresas continuam vendo valor nas nossas soluções de bem-estar e os usuários têm à disposição todas as soluções online e presenciais”, aponta.
A criação de novos produtos também não deve parar: a Gympass tem uma área chamada New Ventures, cujo objetivo é criar novas soluções e ideias para empresas que usam o serviço, o grupo de parceiros, e usuários na ponta. “Continuaremos focados em consolidar nossa atuação nos mercados nos quais já temos operação, trazendo cada vez mais soluções personalizadas para todo o nosso ecossistema, além do contínuo suporte aos nossos parceiros, que tanto têm nos apoiado nos últimos meses.”
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.