Iasmin Paiva e Matheus Rigaforbestech@forbes.com.br
12 de abril de 2021
Reprodução
O artista plástico Beeple conseguiu arrecadas US$ 69 milhões em sua obra “Everydays: the First 5000 Days”, que foi comercializada como um NFT
Os NFTs, também conhecidos como Non-Fungible Tokens (Tokens Não Fungíveis, em português), ganharam destaque nas últimas semanas por conta do alto valor de algumas transações envolvendo este tipo de ativo. De acordo com o banco de dados Crypto Art Data, o mercado de artes digitais comercializadas por meio de criptografia já movimentou US$ 493 milhões desde 2018 em mais de 175 mil movimentações financeiras, uma média de US$ 2.818 por obra vendida por meio dessa categoria de operação.
As grandes movimentações financeiras envolvendo NFTs só são possíveis por conta do blockchain, tecnologia que registra e valida transações feitas em criptomoedas, como o bitcoin e o ethereum, por meio de uma rede descentralizada. Ao utilizar esse grande cartório virtual, artistas e entusiastas geram tokens, uma espécie de “carimbo” codificado, que identifica um artigo digital, seja ele uma obra, uma música ou até mesmo um meme, como único e original.
O artista norte-americano Beeple, por exemplo, arrecadou US$ 69 milhões em um leilão no início do mês passado com sua obra digital “Everydays: the First 5000 Days”. Mas, embora as principais transações envolvendo esse novo ativo girem mesmo em torno de obras digitais, elas não se limitam exclusivamente a elas. Uma coluna do “New York Times”, o primeiro tuíte da história e o famoso meme “Nyan Cat” também foram comercializados por seus donos utilizando o novo recurso.
“Essa tecnologia criou uma nova categoria de ativos, que podem ser codificados e verificados”, afirma o sócio do fundo de venture capital 1confirmatione criador do banco de dados Crypto Art Data, Richard Chen, em entrevista à Forbes. Para ele, os NFTs vieram para ficar e devem possibilitar novas oportunidades. “Seus usos [da criação de “selos” para artigos digitais] não se aplicarão apenas às artes, mas também a outros mercados, como o imobiliário e o financeiro.”
A possibilidade de extensão dessa tecnologia para outras áreas é o que chamou a atenção dos empreendedores Lucas Mayer e Janara Lopes, que decidiram criar a primeira plataforma de compra e venda de música brasileira com base em NFTs: a Phonogram.me. “É uma forma de desburocratizar a vida do músico, que foram os primeiros a parar com a pandemia de Covid-19 e, provavelmente, serão os últimos a voltar”, diz Janara. “A gente não sabe até onde o NFT vai chegar. Deve começar como algo colecionável, mas as possibilidades técnicas são inúmeras e isso vai impactar diversos outros mercados.”
Lançada neste ano, a plataforma ainda está em fase de testes, mas já tem o seu modelo de negócios traçado. Para os músicos, pretende ser uma forma de renda extra, possibilitando a negociação das participações dos artistas em fonogramas com os fãs. No caso dos usuários finais, a ideia é torná-los “sócios” de seus cantores e bandas favoritos, oferecendo recompensas e benefícios pelas transações realizadas.
Seja para obras de arte, memes, colunas ou tuítes, os NFTs têm sido comercializados em pelo menos uma dezena de plataformas, como NiftyGateway, MakersPlace ou Rarible, sempre utilizando-se do ethereum.
Confira, na galeria de fotos a seguir, as 10 aquisições mais caras da história envolvendo NFTs: