Um ponto importante e polêmico é a regulamentação das redes sociais. O grande debate não é a moderação do conteúdo, mas a proporção que as redes sociais têm na vida dos usuários, roubando a atenção deles, enquanto seus dados e hábitos de consumo são monitorados. Já somos o 3º país do mundo que mais utiliza as redes sociais: mais de 150 milhões de usuários, segundo levantamento da Hootsuite e WeAre Social.
Você já ouviu falar de uma estratégia chamada de eco chamber? Pois deveria. É quando uma informação é captada num post, por exemplo, e depois reverbera repetidamente por todas as suas redes, censurando opiniões contrárias ou dando a falsa impressão que todos os seus contatos concordam com isso, ou pior, que não têm pensamentos contrários a tal assunto. Isso é obviamente uma linha tênue entre liberdade de expressão e censura, mas na verdade é pura e simplesmente manipulação das informações.
É importante pensarmos na comunicação sem depender tanto do Facebook ou do WhatsApp. Buscar novos canais de informação, diversificar.
E quanto ao assunto mais comentado do momento, o metaverso? Enquanto ainda estamos tentando descobrir do que se trata, já há muitas aplicações para ele. No segmento de moda isso já é uma realidade. Marcas estrangeiras estão fazendo protótipos de coleções e só os itens mais votados são confeccionados e distribuídos.
Outra novidade é a interoperabilidade. Sim, é uma palavra quase incompreensível, mas é muito mais simples do que parece. Em poucas palavras, é a capacidade de diversos sistemas trabalharem juntos ou interoperarem. Com isso, você é capaz de passear de um metaverso para outro levando o que foi adquirido no caminho.
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Algo importante a saber no universo digital é que você já pode garantir a autenticidade de uma imagem, música, meme e até um texto. Por meio dos NFTs (non-fingible token), você cria uma assinatura que certifica a autenticidade do autor. Seguindo essa linha, as organizações autônomas descentralizadas, ou DAOs em inglês, também estão se espalhando pelo mundo. Trata-se de grupos de pessoas que tomam decisões coletivas sobre uma empresa, um negócio, um condomínio ou mesmo como fez a artista Nadya Tolokonnikova, que lançou o Ukraine DAO e arrecadou mais de U$S 7 milhões.
Mas antes de se atirar de cabeça num DAO, colha informações sobre remuneração, tempo de existência do grupo, quantas pessoas fazem parte. Isso evita desgastes, já que o assunto é de interesse coletivo.
Quem também tem voz nesse novo modo de construir uma marca é o consumidor. A geração Z (com idade entre 20 -30 anos) têm características próprias de comportamento de compra. Estão consumindo no metaverso, em live streamings, nas redes sociais. Gastam U$S 100 numa vestimenta para seu avatar no metaverso e no mundo físico, compram num brechó produtos e roupas de 2ª mão.
Ainda assim, precisamos pensar no renascimento do varejo no pós-pandemia. Tudo é urgente, mas não podemos esquecer do que é emergente! O que vêm por aí? Sustentabilidade, experiência do cliente, digitalização. As multimarcas estão se multiplicando (desculpem o trocadilho!), em prol de uma comunidade. As lojas autônomas de marcas conhecidas, como a Nike ou Leroy Merlin, por exemplo, estão se espalhando. Você coloca o produto na sacola, passa pelo caixa, paga e recebe o recibo de pagamento.
A experiência do cliente, o cliente no centro é o que tem feito com que grandes marcas, como Lâncome, tenham flagship, ou simplesmente flag – espaço em que tudo pode ser customizado e que é oferecida mais que uma compra, mas uma nova experiência. Geralmente são instagramáveis. Já estão disponíveis, também, os gêmeos digitais (digital twins), cópias das lojas físicas no metaverso.
Claro que muito do que foi citado aqui não se aplica à sua marca ou ao seu cliente hoje, mas é um caminho que pode ser em curto, médio ou em longo prazo. E após digerir toda essa gama de informações, pense que essas mudanças vão te ajudar a ter mais agilidade e estar preparado para essas tendências.
Mas para isso, não dá para esquecer que, se você não tem investido pelo menos 10% do seu orçamento em inovação, não vai chegar em uma transformação digital. Saiba que as empresas que já passaram por essa mudança estão faturando mais, se comparadas com outras do mesmo segmento que ainda seguem sem atualizações. E mais que isso, essa mudança trará mais agilidade para você acompanhar as tendências.
Você precisa de uma data base para saber quem é seu cliente, o que e como ele consome seus produtos e serviços. Você terá como fazer um planejamento estratégico mais assertivo e alinhado com seus objetivos. Outra informação importante é capacitar e reter seu colaborador. Atualmente, existem no País mais de 200 mil vagas de tecnologia abertas. Quem é bom tem que ficar. Então valorize seu colaborador.
Marcelo Ciasca é CEO da Stefanini Brasil
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