Design inclusivo: como a tecnologia pode tornar produtos acessíveis

22 de setembro de 2022

Em 2018 a Microsoft lançou o controle adaptável para Xbox One e PCs Windows

Nesta semana, é reconhecida a Luta da Pessoa com Deficiência, data que foi oficializada na legislação brasileira em 2005 e reconhece os avanços em relação a políticas públicas voltadas à inclusão e acessibilidade. Do ponto de vista de design e tecnologia, é uma época importante para refletir sobre os avanços no desenvolvimento de produtos funcionais e acessíveis.

A responsabilidade do design

“Como designers, nossa responsabilidade não é apenas pensar em criar belas experiências visuais, mas também funcionais e fáceis de usar. E, portanto, parte de nossa responsabilidade é ajudar a representar todos os usuários, não apenas uma parte; devemos sempre nos esforçar para projetar produtos e experiências que sejam acessíveis a todos”, explica Fabricio Teixeira, Design Partner na Work & Co no Brooklyn. De acordo com Teixeira, nas últimas décadas, a tecnologia trouxe conectividade, conveniência e benefícios para muitas pessoas.

Acessibilidade digital

Paula Brito, Designer na Work & Co no Brasil e pessoa com deficiência, explica que, até pouco tempo, o entendimento sobre acessibilidade digital se limitava a projetar para usuários com deficiências visuais. “No ambiente mais inclusivo de hoje é importante que o designer pense a acessibilidade de forma mais ampla: visual, auditiva, verbal, linguística, física, motor, cognitivo. Além disso, alguns usuários podem estar com uma deficiência temporária. Um usuário com um braço engessado precisa do mesmo nível de conforto ao usar um aplicativo com uma mão que um usuário com deficiência permanente”, explica.

Efeitos e impactos

“Garantir que um produto seja acessível pode ter vários efeitos na inclusão da comunidade com deficiência e melhorar sua experiência com tecnologias assistidas, como leitores de tela, por exemplo. Para pessoas de diferentes países e gêneros, a inclusão está na comunicação de uma marca com peças gráficas que trazem diversidade, fotografias de pessoas diversas, por exemplo, e ‘copywriting’ inclusivo e neutro. De maneiras diferentes, cada pessoa simpatiza com as ferramentas digitais que usa diariamente”, explica Paula.

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Paula, da Work&Co: “Em telas touch-screen como o iPhone, pessoas com deficiência física grave podem acabar sendo excluídas quando é preciso interagir de maneira gestual”

Avanços e boas práticas

“Algo que é encorajador para mim é que estão cada vez mais fortes as motivações para tornar experiências acessíveis. Nos últimos anos, as empresas começaram a se atentar para o fato de que pensar em experiências acessíveis, além de ser a escolha moralmente correta a se fazer, abre portas para uma série de oportunidades”, pontua Fabricio indicando avanços como a proteção jurídica, por exemplo: “pessoas com deficiência são protegidas por lei para terem acesso igualitário a produtos e serviços digitais, e todas as empresas são obrigadas a aderirem à Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) em seus produtos e canais digitais.”

“Com a relação entre produto digital e usuário final nas últimas décadas, muitas empresas estão sendo impactadas com a falta de acessibilidade. Assim como a forma que novos usuários consomem o que essas empresas oferecem. Ao pensar em acessibilidade, se cria consequentemente maior alcance e impacto social. Na prática, o processo de design em todas as suas fases também está em evolução de forma a assegurar todos os requisitos de acessibilidade de forma mais técnica. Neste caso, também a WCAG abrange diversas recomendações com a finalidade de tornar o conteúdo da Web mais acessível, por exemplo”, conclui Paula.