Manchester City vs. Inter de Milão: a batalha financeira do futebol europeu

Apresentado por
10 de junho de 2023
David Ramos/Getty Images

Troféu da Champions League , no Estádio Olímpico Atatuerk, em Istambul, Turquia

Neste sábado (10), embora a final da Champions League (UEFA), entre o Manchester City – um dos times de futebol mais antigos da Inglaterra – , e o italiano Inter de Milão, desperte paixões em todo o mundo, no quesito finanças o time inglês leva a melhor. Os números não deixam dúvidas.

A ascensão do Manchester City é resultado da força da Premier League e dos altos investimentos realizados por seu proprietário, Sheik Mansour, de Abu Dhabi, que comprou o clube em 2008 por 210 milhões de libras. O clube está no topo da lista dos times mais ricos do mundo, com uma receita anual de 731 milhões de euros (cerca de R$ 4 bilhões) na temporada de 2021/22, conforme o levantamento da “Football Money League”.

Por outro lado, o Inter de Milão ocupa o 14º lugar, com um faturamento de 308,4 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão). O clube enfrentou dificuldades devido à queda do futebol italiano. A “Série A” italiana, que já foi considerada a “Meca” do futebol, hoje é vista como a “série B” do futebol europeu, devido a uma série de escândalos, estádios obsoletos e à falência de alguns clubes. Desde a sua aquisição pelo conglomerado chinês Suning Group em 2016, o clube tem buscado crescer esportivamente, apesar dos prejuízos financeiros.

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No início dos anos 2000, o Inter de Milão tinha uma posição de destaque, mas a virada ocorreu a partir de 2011. Com os novos contratos televisivos da Premier League, e um investimento significativo de mais de 1,6 bilhão de euros, o Manchester City mudou de patamar.

Em 2009, por exemplo, na final disputada entre Barcelona e Manchester United, outro clube inglês, mas sediado em Trafford, a vitória ficou com o time espanhol. Neste mesmo ano, o Inter de Milão registrou uma receita de 197 milhões de euros, enquanto o City teve uma receita de 102 milhões de euros.

Golaço dentro e fora de campo

Ao analisar as receitas comerciais do Inter de Milão, fica evidente que elas estão significativamente abaixo de outros clubes europeus. No ano passado, o Manchester City registrou uma receita de 373 milhões de euros, enquanto o time italiano chegou a apenas 87 milhões de euros.

De acordo com um levantamento da Sports Value, especialista em marketing esportivo, a explicação para a baixa receita comercial do Inter está relacionada à sua pequena exposição global nas redes sociais.

Os 14 principais clubes da Europa, durante um período de 12 meses (jul/2022 a jun/2023), geraram 15 bilhões de interações com seus 1,7 bilhão de fãs no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube. O Instagram dos clubes representa 41% do total de seguidores, 21% do total de publicações, mas 68% de todo o engajamento gerado pelos clubes. O Manchester City obteve um grande crescimento no Instagram e liderou no YouTube.

No entanto, essas interações não se limitam apenas a números, elas se convertem em contratos de patrocínio. O grupo dos 14 clubes arrecadou um total de 3,5 bilhões de euros (R$ 17 bilhões) em receitas de marketing em 2022. Ou seja, a presença global das marcas no ambiente digital influencia o tamanho dos ganhos dos clubes por meio do marketing.

Salários de jogadores

Em 2022, os gastos salariais do Manchester City totalizaram 354 milhões de euros, o que representa uma percentagem relativamente baixa na comparação com seu faturamento. Por outro lado, o Inter de Milão apresentou despesas com salários no valor de 248 milhões de euros, uma percentagem alarmantemente alta em relação às receitas atuais do clube italiano.

Enquanto os salários dos jogadores correspondem a menos da metade das receitas do Manchester City, no caso do Inter, esse valor chega a impressionantes 81%. Isso mostra uma grande discrepância entre a capacidade de pagamento do clube italiano e a sustentabilidade de suas despesas salariais.