“Apesar de o elemento gráfico do Twitter ter um valor inestimável, o movimento segue uma lógica já conhecida: a arquitetura estratégica da marca. Ao fazer esse movimento, ele consegue alguns objetivos: deixa absolutamente claro para o mercado a sinergia entre suas empresas. Faz um alinhamento de visão coletiva: todas as marcas do grupo seguem a mesma linha de propósito, dá um novo sentido à plataforma, mostrando que, de fato, as coisas serão diferentes e abre espaço para uma possível mudança de rota no modelo de negócios”, explica Gustavo Hansel, CEO da GH Branding e especialista em branding.
Veja 5 mudanças de Elon Musk no Twitter:
Musk é fundador, CEO e CTO da SpaceX, cofundador e CEO da Tesla, cofundador da Neuralink, fundador da The Boring Company, CEO do Twitter e, recentemente, criou a X.AI, sua empresa de inteligência artificial, todas essas empresas rendem a Musk uma fortuna estimada em US$ 242 bilhões. Para o Twitter, ele já deixou claro que seus planos vão muito além de uma rede social. Desde outubro de 2022, sua estratégia consiste em transformar o que nasceu como um microblog em um superapp inspirado no chinês WeChat e concentrando serviços como mensagens, transações bancárias, social-commerce e o que possa surgir em termos de serviços.
Riscos e legado do Twitter
Apesar de todo o futuro indicado na mudança de logo do Twitter sobre os negócios de Elon Musk, o design em si também aponta para alguns elementos importantes do legado da plataforma até aqui já que ela concentra aproximadamente 370 milhões de usuários.
“Essa escolha antagoniza com o design icônico, amigável, de geometria arredondada do seu mundialmente conhecido Larry que foi um elemento essencial na identidade do Twitter, e abandoná-lo por um caminho oposto, é um recado claro para os usuários: essa rede agora tem um dono, e esse dono tem total controle sobre tudo. Ignorar a comunidade, é ignorar tudo que fez o Twitter ser o que é (ou costumava ser). O que seria do Twitter sem o elemento humano? Um mar de bots e anúncios, como temos visto especialmente nos períodos próximos às eleições? Como seriam possíveis as coberturas informais de eventos em real time?”, alerta Pedro Perurena, Chief Creative Officer da New Vegas, agência da B&Partners.co.
Luis Bartolomei, sócio e CEO da CBA B+G, também vê um caminho arriscado sobre a atitude de Musk. “Quando a gente desenvolve uma marca, fazemos esse trabalho com foco no público dela, e não com base em nossos desejos pessoais ou nos dos donos e fundadores. Marcas mais antigas, centenárias, costumam trazer referências de seus fundadores ou famílias por uma circunstância de época, porque isso carregava um valor agregado e uma referência positiva naquele cenário. No mundo de hoje, porém, onde as marcas no geral são – e precisam ser – impessoais, é fundamental que elas tenham uma construção de valores próprios, indo muito além da figura de quem a fundou ou controla.”
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“Quando você lança uma marca, lança para os outros, e não exclusivamente para você. No branding, costuma ser um erro primário basear em uma figura pessoal ou nos gostos de quem a detém – com exceções específicas de quando a pessoa é a própria marca, como no caso de marcas de luxo, ou atreladas diretamente a artistas ou esportistas. Outro grande problema é não só a mudança, mas sair de uma marca de sucesso e consolidada para uma que traz como base gráfica um elemento extremamente batido”, conclui Luis.