Meio século depois, cristais do mineral zircão dentro de um fragmento de rocha ígnea de granulação grossa coletado por Schmitt estão fornecendo aos cientistas uma compreensão mais profunda sobre a formação da Lua e a idade exata do parceiro celestial da Terra.
A Lua é cerca de 40 milhões de anos mais velha do que se pensava anteriormente, tendo se formado há mais de 4,46 bilhões de anos — 110 milhões de anos após o nascimento do sistema solar –, disseram cientistas nesta segunda-feira (23), com base em análises dos cristais.
Os cristais minerais foram capazes de se formar depois que o magma esfriou e se solidificou. Os pesquisadores usaram um método chamado tomografia por sonda atômica para confirmar a idade dos sólidos mais antigos conhecidos que se formaram após o impacto gigante, os cristais de zircão dentro do fragmento de um tipo de rocha chamado norito coletado por Schmitt.
“Adoro o fato de esse estudo ter sido feito em uma amostra que foi coletada e trazida para a Terra há 51 anos. Naquela época, a tomografia por sonda de átomo ainda não havia sido desenvolvida e os cientistas não teriam imaginado os tipos de análises que fazemos hoje”, disse o cosmoquímico Philipp Heck, diretor sênior de pesquisa do Field Museum de Chicago, professor da Universidade de Chicago e autor sênior do estudo publicado na revista Geochemical Perspectives Letters.
“É interessante notar que todos os minerais mais antigos encontrados na Terra, em Marte e na Lua são cristais de zircão. O zircão, e não o diamante, dura para sempre”, acrescentou Bidong Zhang, cientista planetário da UCLA e coautor do estudo.
Um estudo liderado por Zhang, publicado em 2021, usou uma técnica chamada análise de microssonda iônica para medir quantos átomos de urânio e chumbo havia nos cristais, calculando a idade do zircão com base no decaimento do urânio radioativo em chumbo ao longo do tempo. Essa idade precisava ser confirmada por outro método devido a uma possível complicação envolvendo átomos de chumbo se houvesse defeitos na estrutura do cristal de zircônio.
O novo estudo usou a tomografia por sonda atômica para determinar que não havia complicações envolvendo os átomos de chumbo, confirmando a idade dos cristais.
“O impacto gigante que formou a Lua foi um evento cataclísmico para a Terra e mudou a velocidade de rotação da Terra. Depois disso, a Lua teve um efeito na estabilização do eixo de rotação da Terra e na diminuição da velocidade de rotação”, disse Heck. “A data de formação da Lua é importante, pois somente depois disso a Terra se tornou um planeta habitável.”