Conheça empreendedor que usou LinkedIn para levantar R$ 72 milhões

18 de abril de 2024
Reprodução/Forbes US

A AI Squared atua na incorporação de insights captados por inteligência artificial em aplicativos comerciais e plataformas de fluxos de trabalho em tempo real.

Após quatro anos desenvolvendo sua startup, Benjamin Harvey imaginou que um homem de negócios como Roger Ferguson, ex-CEO da TIAA, empresa de aposentadoria e seguros, gostaria de ver o que a sua empresa, a AI Squared, poderia fazer. Harvey estava tão confiante que abordou o executivo pelo LinkedIn.

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“Dr. Ferguson, aqui está um pouco do trabalho que estamos fazendo na área de software para serviços financeiros. Eu adoraria ter apenas uma ligação de 15 minutos com você”, escreveu em fevereiro de 2022. A resposta de Ferguson foi um convite para tomar café da manhã com Benjamin no Four Seasons em Washington, D.C.

“Quando tenho uma visão, sou implacável em tentar torná-la realidade”, conta Benjamin Harvey à Forbes.

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Em março deste ano, a AI Squared fechou uma captação de US$ 13.8 milhões na série A, liderada pela empresa de capital de risco Ansa Capital, com participação da New Enterprise Associates (NEA), sediada em Baltimore, e de Roger Ferguson — o executivo que Harvey entrou em contato por meio do LinkedIn.

Desde sua fundação, a startup levantou US$ 20 milhões de investidores. Porém, a AI Squared ainda não é lucrativa.

No entanto, em 2024, Harvey estima que a empresa alcançará US$ 10 milhões em receita, que é construída a partir de licenciamento de produtos e taxas de uso de dados.

A AI Squared está sediada em Washington, D.C., emprega 30 pessoas e tem contratos com a Força Aérea dos Estados Unidos, a Marinha dos Estados Unidos, a Agência de Segurança Nacional (NSA), a Rapid7, empresa de cibersegurança negociada na Nasdaq, e com uma companhia prestadora de serviço da Coca-Cola na Flórida.

“Nos últimos cinco anos, as organizações têm construído modelos [de IA] de escala global. Mas elas não conseguiram realmente extrair todo o valor dessa tecnologia”, afirma Harvey.

Máquina de lavar

O investidor da AI Squared, George Papadopoulos, da NEA, chamou a inteligência artificial de “uma tecnologia com grande potencial democratizante, que vai dar aos indivíduos amplificadores para sua criatividade”.

Questionado sobre o como ele vê a atuação da AI Squared em um mercado de constante mudança e crescimento, Papadopoulos, ex-engenheiro da HP e da Honeywell, respondeu que a startup vai funcionar como uma espécie de “máquina de lavar” para IA. “Agora, as empresas estão focadas na construção de modelos de IA, e o problema é que muitas delas não estão implementando a tecnologia na prática, é o equivalente a lavar roupas e depois jogá-las no chão”, explica Papadopoulos.

Ele acrescenta que a AI Squared não será apenas mais uma máquina de lavar comum, “no final, ela seca, dobra suas roupas e as empilha ordenadamente para você.”

Harvey concorda com a analogia da máquina de lavar. “Nós reunimos esses dados, os colocamos dentro de uma máquina de lavar, e dali sai um produto que você pode usar para apoiar suas operações comerciais.”

Conheça Benjamin Harvey

Criado em Jacksonville, Flórida, entre seis irmãos, Harvey credita sua paixão por computadores à sua criação. O pai de Harvey era pastor de uma igreja local e gerente de projeto da AT&T e, por muitas vezes, trazia para casa computadores quebrados. Ao longo dos anos, o jovem Harvey aprendeu a desmontar e reparar as máquinas. Anos depois, Harvey se formou em ciência da computação na Mississippi Valley State University, onde estudou com uma bolsa de futebol americano.

Após a graduação, Harvey ingressou em um mestrado e doutorado pela Bowie State University e, em 2009, começou a trabalhar como chefe de operações de ciência de dados na Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA).

Foi lá que ele concebeu a ideia por trás da AI Squared, quando descobriu grandes lacunas no fornecimento de dados e análises em tempo real para os militares dos EUA.

Uma década depois, em 2019, ele deixou a NSA e ingressou na Databricks, empresa de dados e análises que a Forbes avalia em US$ 43 bilhões, como arquiteto de soluções. No novo emprego, ele apresentou pela primeira vez a ideia de sua startup.

Matei Zaharia, cofundador e CTO da Databricks, gostou do que ouviu. Então, Harvey esgotou um cartão de crédito de US$ 20.000 e depois implorou à sua esposa que lhe emprestasse US$ 500.000 (dinheiro guardado para aposentadoria) para financiar a AI Squared.

Agora, com US$ 13.8 milhões em capital fresco, Harvey diz que a AI Squared planeja expandir as operações comerciais para atender à demanda prevista em torno de plataformas de software de IA como serviço. Essa perspectiva é fruto da colaboração de Ferguson, que antes era apenas uma conexão no LinkedIn e agora se juntou ao conselho da AI Squared.

“Cultivamos esse relacionamento a partir de uma mensagem no LinkedIn,” finaliza Harvey.