"Pagamos R$ 1,2 bilhão para produções brasileiras em 2023", diz líder de negócios do Spotify Brasil

6 de maio de 2024

No Spotify desde 2013, Roberta Pate já passou por várias áreas e no final do ano passado assumiu a liderança do setor de negócios da plataforma no país

O Spotify registrou o maior pagamento anual à indústria musical global de um único varejista em 2023, com mais de US$ 9 bilhões (R$ 45,9 bilhões na cotação atual). Desde a sua fundação, são mais de US$ 48 bilhões (R$ 245 bilhões).

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No Brasil, os números também se mostraram sólidos. “Pagamos R$ 1,2 bilhão para produções brasileiras em 2023”, afirma Roberta Pate, líder de negócios do Spotify Brasil. Em relação a 2022, as receitas geradas por artistas brasileiros cresceram 27%, ultrapassando o crescimento de 13% da indústria da música no país, de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica.

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“A plataforma democratiza o acesso a diferentes artistas. Mais da metade do pagamento global foi feito para músicas em línguas diferentes do inglês”, comenta a executiva.

Em entrevista à Forbes Brasil, Roberta Pate fala sobre os últimos dados divulgados pelo streaming. Confira:

Pavlo Goncha/Getty Images

O Spotify foi lançado em 2008 por Daniel Ek e Martin Lorentzon. No entanto, a plataforma só chegou ao Brasil em 2014

Como foi o início do Spotify no Brasil?

Entrei no Spotify em 2013, um pouco antes do lançamento oficial da empresa por aqui. Mas atuo no mercado da música há quase 20 anos. Comecei na adolescência, quando tive minha própria banda. Depois, trabalhei nas áreas de marketing internacional e novos negócios na Sony Music.

No Spotify, comecei cuidando do relacionamento com as gravadoras e artistas. Na época, embora o meio musical já conhecesse a marca, eles não entendiam muito bem como a plataforma funcionava. Então, seguimos a típica trajetória de adoção de novas tecnologias: focamos nos usuários engajados nas novidades do mercado e, aos poucos, fomos ganhando tração entre o grande público. 

Atualmente, minha função é garantir que as estratégias e execuções do mercado brasileiro estejam alinhadas com os objetivos globais.

Quais são as particularidades do mercado musical brasileiro?

O mais importante para o mercado brasileiro é a hiperpersonalização. Para identificar o perfil de uma pessoa no Brasil, basta abrir o aplicativo. É fácil de reconhecer, seja pelos hubs de conteúdo ou pelas paradas musicais.

Nosso trabalho aqui sempre foi esse, utilizar as vantagens de um produto global, com tecnologia de ponta, para integrar todos os níveis culturais do país na plataforma. 

As receitas geradas por artistas brasileiros no Spotify cresceram 27%, ultrapassando os 13% da indústria da música em geral no país. Qual é a fórmula para este resultado?

Em primeiro lugar, nossa plataforma democratiza o acesso a diferentes línguas e artistas. Em segundo, houve um importante crescimento da nossa base. Quando o número de assinantes aumenta, nós pagamos mais, os artistas investem e produzem conteúdos cada vez melhores, mais empresas entram no mercado e assim por diante. Nós chamamos de ‘ciclo virtuoso’.

Na prática, como a monetização funciona?

Nós não pagamos diretamente a nenhum artista. Temos contratos com os detentores de direitos e com as gravadoras, que repassam os valores.

Outro dado interessante sobre a monetização, que evidencia o achatamento da base da pirâmide, é que 70% de todas as receitas geradas por brasileiros em 2023 foram de artistas ou gravadoras independentes.

No mundo, 80% dos artistas que atingiram a marca de US$ 1 milhão (R$ 5,1) não tiveram músicas nas paradas musicais diárias. Ou seja, ninguém precisa de um hit para ter sucesso. 

Em 2023, brasileiros foram ouvidos pela primeira vez na plataforma quase 10 bilhões de vezes. Qual o impacto das redes sociais neste número?

Acho que as redes sociais são apenas uma parte. Vivenciamos outro fator muito relevante no ano passado: o pós-pandemia. Foram dois anos de repressão que culminaram em uma demanda intensa. 

Mas, claro, as redes sociais têm impacto no comportamento do consumidor. Seja pelo conteúdo dos próprios artistas ou pela maneira como as mídias são alimentadas por música.  Quando uma canção viraliza, isso se reflete no Spotify.

Como as campanhas de marketing globais interagem com o público brasileiro?

A retrospectiva do Spotify, que é uma grande propriedade da nossa marca, funciona muito bem no Brasil por causa da personalização. Em termos de impacto, é muito importante para nós, como empresa, conseguirmos construir um ritual com os usuários e artistas.