Entre as novidades do mercado, o profissional comenta: “A utilização de energia solar para a produção rural mostra-se com excelente custo-benefício, assim como a disponibilidade de redes de comunicação de dados que permitem desde a ‘construção’ de redes de sensores nas propriedades rurais até o acesso à internet”.
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No último ano, as agtechs cresceram em número e amadureceram seu produto e modelo de negócio. O estudo Radar AgTech Brasil 2019, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), junto da SP Ventures e da Homo Ludens Research and Consulting, identificou 1.125 startups. Em 2018, o número era de 338.
Com relação aos investimentos no setor, o documento apresentou certa timidez do mercado, em comparação a outras categorias. Em 2017, a Associação para Investimento de Capital Privado na América Latina registrou 113 aportes financeiros em startups da região, no valor de US$ 859 milhões. Desse número, apenas 14 investimentos, avaliados em US$ 20 milhões, foram direcionados a agtechs. No ano seguinte, o cenário apresentou melhora, com US$ 1,3 bilhão em 259 aplicações, e as jovens empresas do agronegócio receberam US$ 80 milhões em 20 aportes.
A boa notícia é que o solo brasileiro apresenta indícios de maior fertilidade para o investidor. O estudo da Embrapa verificou que mais de 75% dos investimentos entre 2017 e 2018 foram feitos em estágio inicial. Por outro lado, mais de 85% do capital injetado foi destinado a agtechs em estágio avançado. Segundo a Embrapa, isso sugere que o mercado está amadurecendo, e as startups estão se formando para rodadas maiores, encorajando cada vez mais investidores.
Segundo o especialista em agronegócio do fundo de investimentos KPTL, Bruno Profeta, as três exigências do mercado para apostar nas companhias são produtividade, qualidade e rastreabilidade. “Existe uma demanda e preocupação cada vez mais forte sobre o uso mais consciente da terra e a preservação de biomas locais”, explica. “A qualidade final dos alimentos e o cuidado crescente com o uso de insumos agrícolas têm um peso cada vez maior na decisão do consumidor. Por isso, a rastreabilidade também está associada à demanda por responsabilidade socioambiental e segurança de toda a cadeia do agronegócio.” Uma das startups investidas pela KPTL é a Agrotools, que permite ao agricultor endereçar a origem dos produtos.
Agora, com a formação do segmento, a meta é tornar a tecnologia acessível para todos. “Grandes produtores estão cada vez mais tecnificados, mas, para fazer valer a afirmativa de que o Brasil é o celeiro do mundo, precisamos investir no pequeno e no médio”, diz Leonardo Dias, CEO do fundo de investimentos NovoAgro Ventures. “O Agro 4.0 é um caminho sem volta.”
Um exemplo disso é a SeeTree, fundada em 2017, sediada em Tel Aviv, com escritórios na Califórnia e no Brasil e que tem entre seus investidores Uri Levine, cofundador do Waze. A proposta da startup é o monitoramento constante de plantações permanentes, principalmente as de cítricos. Por meio de drones e inteligência artificial, a SeeTree monitora a saúde de cada árvore, identificando doenças e propondo soluções antes que o problema se alastre.
Ochman conclui: “Nós estamos focando na tecnologia aplicada aos negócios, mas sem esquecer o aspecto ambiental e também o social. É a economia 5.0”.
Reportagem publicada na edição 82, lançada em dezembro de 2020
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