Em entrevista à Reuters, o diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, afirmou que o objetivo é regularizar a oferta de milho nos meses subsquentes à colheita de verão, que tem resultado em maior produção de soja nos últimos anos, uma vez que o agricultor deixa para plantar a maior parte do cereal na segunda safra.
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“O milho mais caro é o milho que não existe, é o que não acha para comprar, o objetivo é incentivar o milho na safra de verão, que historicamente vem reduzindo, porque o produtor planta soja no verão e milho no inverno”, comentou ele.
O plano prevê incentivar agricultores a plantarem mais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná – os três Estados do Sul são os principais fornecedores de carnes suína e de frango, que utilizam o cereal na ração -, além de São Paulo e Minas Gerais.
O diretor não entrou em detalhes sobre o tamanho do incentivo, que ainda está sendo definido. Ele também não detalhou o eventual impacto para a soja – Paraná e Rio Grande do Sul estão entre os três maiores do país na oleaginosa, atrás de Mato Grosso.
“Esse é o problema porque essa política é baseada no preço mínimo, vamos ter que criar uma política alternativa e emergencial para fazer fora do preço mínimo”, comentou ele.
A ideia é lançar contratos com exercício em fevereiro e março, garantindo que o produtor tenha uma rentabilidade com o milho tão boa quanto ele teria para a soja.
Se o preço no vencimento da opção estiver abaixo do valor estabelecido – ainda não foi definido um valor -, o produtor exerceria o direito de vender ao governo. Se estiver acima, o detentor da opção venderia ao mercado.
E o produtor ficaria liberado para vender no mercado. “Como não queremos comprar, temos de fazer uma subvenção de preço e devolver ao mercado. Ou seja, o governo subsidia um preço futuro sem precisar formar estoques”, disse o diretor.
Farnese comentou ainda que não há perspectiva de faltar milho. Mas frisou que “vai faltar milho barato”.
“Milho caro tem“, comentou ele, ainda que o país esteja vivenciando uma quebra da segunda safra com o impacto da seca, que colaborou para sustentar ainda mais os preços internos, em patamares recordes acima de R$ 100 a saca, na esteira de máxima de oito anos das cotações em Chicago no início do mês.
Questionado sobre uma sugestão da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) para a criação de um programa de subvenção ao prêmio de contratos de opção de venda da B3, Farnese disse que a ideia é boa, mas “não tem estruturação legal”, tendo já sido discutida no passado.
No programa da CNA, a dotação orçamentária sugerida era de R$ 350 milhões.
PROGRAMA DEPENDE DE ORÇAMENTO
Segundo Farnese, há perspectiva de votação do PLN nº 4 na próxima terça-feira (1), o que seria importante, aliás, para que o Ministério da Agricultura pudesse encaminhar o Plano Safra propriamente dito.
“A expectativa no fim do ano passado era que fosse um ano melhor, mas a participação do governo na sustentação dessa crise toda (da pandemia), aí criou todo imbróglio”, explicou, ao comentar o atraso na definição do plano, que não tem definição a pouco mais de um mês do início da nova safra, em julho.
Além dos contratos de opção, que poderiam ter um impacto mais significativo na oferta, o ministério espera a recomposição do Orçamento para ampliar subvenções ao seguro e já aumentou limites para financiamento ao produtor de milho.
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