No ano passado, o clima seco teve influência no registro recorde de incêndios no Pantanal, enquanto a Amazônia sofreu a pior onda de incêndios desde 2017, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
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A seca deste ano no Pantanal é mais severa e generalizada do que a de 2020, segundo os dados.
“O período chuvoso já encerrou, e o período chuvoso foi ruim”, disse Marcelo Seluchi, meteorologista do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. “O período de fogo provavelmente será pior.”
Os incêndios e o desmatamento na floresta amazônica aumentaram desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo, em 2019, com uma defesa do desenvolvimento econômico da região.
Os cientistas dizem que a preservação da Amazônia e do Pantanal é vital para frear as mudanças climáticas catastróficas, graças a sua capacidade de absorção de grandes quantidades de gases do efeito estufa.
A previsão para os próximos meses é que a seca continue ao sul do rio Amazonas, disse Renata Libonati, especialista em sensoriamento remoto da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“Qualquer ignição tem muita probabilidade de gerar grandes incêndios e que saia do controle”, disse Libonati.
Esse fenômeno tem relação com climas extremos que os cientistas esperam ver com mais frequência devido às mudanças climáticas, disse Maria Silva Dias, cientista atmosférica da USP (Universidade de São Paulo).
O clima mais extremo na Amazônia está relacionado em parte com o aquecimento do Atlântico Norte tropical nos últimos 20 anos, levando a ventos mais fortes e mudanças na circulação atmosférica, disse Dias.
Ela e outros cientistas alertaram que ninguém sabe ao certo o quanto a mudança climática está contribuindo para as mudanças nos padrões de chuvas. “Esta é uma questão em aberto com a qual ainda nos preocupamos”, disse Dias.
Enquanto o tempo seco fornece combustível, os homens ateiam fogo.
Incêndios naturais, como aqueles causados por raios, são extremamente raros na exuberante floresta tropical.
Os incêndios na Amazônia são geralmente iniciados por agricultores renovando plantações ou fazendeiros e garimpeiros desmatando ilegalmente as terras.
“O que está acontecendo é que as pessoas sentem que nada vai acontecer com elas se queimarem, e depois queimam”, disse Dias. “Não é só o clima… tudo depende de a lei ser aplicada.” (Com Reuters)
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