São R$ 100 milhões destinados à operação que consiste em ofertar ao distribuidor de insumos a possibilidade de descontos na compra, ao mesmo tempo em que a FMC – geralmente o ator financiador – recebe à vista. A ferramenta desenvolvida pela TerraMagna faz parte de um contexto no qual, cada vez mais, o mercado de capitais se aproxima do agro. “A realidade do distribuidor de insumos é que ele acaba comprando sempre a prazo da agroindústria. Paga dali oito meses, o que é chamado prazo safra. Com a ferramenta financeira, a revenda vai continuar fazendo o mesmo, mas a vantagem é o desconto no preço da tabela da FMC, e que pode ser repassado ao produtor rural”, disse Bernardo Fabiani, CEO da Terra Magna, em entrevista exclusiva à Forbes. Fabiani, 28 anos, é engenheiro eletrônico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em São José do Campos (SP), onde também está a agfintech. Aliás, da sede da TerraMagna, na qual trabalha um grupo de 100 pessoas, é possível ver o Centro Tecnológico do ITA. Criada em 2016, a agtech nasceu como uma plataforma com foco na agricultura, para a concessão e cobrança de crédito aos distribuidores de insumos, agroindústrias, concessionárias e montadoras do setor.
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A FMC é uma gigante global que no ano passado faturou US $ 4,6 bilhões, aumento de 1,7% em relação a 2019, e que tem uma forte presença na América Latina. Na apresentação dos resultados, no início do ano, o CEO global da corporação, Mark Douglas, destacou três pontos no ano: os 35 novos ingredientes sintéticos e biológicos no pipeline, as 11 moléculas que serão lançadas até 2030 e que adicionarão uma receita entre US$ 1,8 e US$ 2,1 bilhões, e o lançamento da FMC Ventures, um novo braço de capital de risco focado em investimentos estratégicos em startups.
Atualmente, a empresa tem soluções para 19 culturas, entre elas soja, milho cana, algodão, eucalipto, arroz, feijão tabaco, café e hortifrutis, entre eles folhosas, tomate, laranja, melão e cebola. São produtos como herbicidas, inseticidas, fungicidas, nematicidas, tratamento de sementes e biológicos, destinados ao controle de pragas, plantas daninhas e doenças. Foi exatamente para definir os modelos de pacotes de crédito que a Markestrat entrou no projeto, por sua larga experiência na distribuição de insumos. “Nós, da TerraMagna, somos muito bons em gerir crédito no agro e colocar esse tipo de ferramenta financeira de pé. Mas o entendimento consultivo mais fino da necessidade do distribuidor partiu muito da Markestrat”, diz Fabiani. “Eles ajudaram muito a desenhar o porque um insumo é importante na lavoura e como ele vai ajudar o distribuidor a aumentar suas vendas, por exemplo.”
O fato é que fidelizar o distribuidor exige esforço em um mercado bastante competitivo, como é o de insumos, onde estão gigantes do porte de Bayer, Basf e Corteva, entre outras. Aí está a resposta da grande corrida por inovações. A análise de crédito, via ferramenta desenvolvida pela TerraMagna, que mede os riscos utilizando satélites, inteligência artificial e dados alternativos, já foi testada pela agfintech em uma parceria de estruturação de CPR (Cédula de Produto RuraL), com os fundos Sparta e Grano Capital numa operação de R$ 50 milhões no início deste ano. “A nossa experiência foi muito positiva e agora estamos confortáveis com os R$ 100 milhões para começar a parceria com a FMC”, declara Fabiani. Sem declarar valores, o executivo afirma que a agfintech ganha no volume originado e no desempenho dos produtos vendidos. “De cada R$ 1 milhão colocado na rua, uma fração disso vai para a empresa. Mas o produto final FMC, contando a TerraMagna, ainda é mais barato que a tabela da FMC”.
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