A Corteva está lançando duas novas sementes de soja geneticamente modificadas no Brasil, onde a rival Bayer AG desfruta de um virtual monopólio desde o início dos anos 2000, quando a soja transgênica começou a ser cultivada aqui.
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A adoção de sementes geneticamente modificadas pelo Brasil ajudou o país a se tornar o maior produtor e exportador mundial de soja. Mas ervas daninhas e pragas se tornaram resistentes aos produtos químicos que essas plantações podem suportar, levando as empresas a lançar novas tecnologias.
Estão em jogo bilhões de dólares em vendas anuais de sementes e herbicidas para no mercado brasileiro. Ganha a empresa que conseguir convencer o maior número de produtores brasileiros a adotar a suas soluções.
Além da briga por participação de mercado, as sementes que o produtor escolhe determinam o tamanho da sua produção, influenciando a oferta e os preços globais da soja. A oleaginosa anda escassa, o que levou seu preço ao nível mais alto em sete anos.
O desenvolvimento de novas cultivares pode levar anos, como também a capacidade das sementeiras de multiplicar as variedades que chegam.
“Inicialmente, espera-se que a adoção do Sistema Enlist no Brasil demore um pouco mais do que nos Estados Unidos”, disse a Corteva por e-mail à Reuters, pois a quantidade de variedades de sementes contendo esta biotecnologia ainda é limitada por aqui.
Nos Estados Unidos, onde o lançamento comercial da Enlist ocorreu em 2019, já havia muito mais variedades desenvolvidas quando esta recebeu as aprovações regulatórias.
A abundância de variedades confere uma vantagem à Intacta2 Xtend sobre o Enlist da Corteva, que ainda precisa ser adaptada às condições tropicais do Brasil por empresas de genética.
A Corteva, desmembrada em 2019 após a fusão da Dow Chemical e Dupont, capturou 35% da área plantada de soja nos EUA com a Enlist em três anos.
No Brasil, a Corteva estimou que levará de cinco a dez anos para atingir esse patamar.
A investida da Corteva, que também lançou uma semente transgênica de soja chamada Conkesta E3 este ano, coincide com a chegada da nova plataforma Intacta2 Xtend da Bayer, que herdou os ativos da Monsanto após adquirir a empresa em 2016.
Com vasto domínio no mercado, a segunda geração de sementes de soja geneticamente modificada da Bayer – chamada Intacta RR2 Pro e lançada há sete safras – tinha 80% de market share no Brasil na safra 2020/2021, segundo a empresa alemã.
A terceira geração de sementes transgênicas da Bayer resiste ao herbicida dicamba – um produto químico no qual a empresa aposta globalmente, à medida que as culturas se tornam resistentes ao glifosato, que ainda é amplamente usado no Brasil.
A Bayer concordou em pagar até US$ 400 milhões para resolver processos judiciais nos Estados Unidos, onde produtores alegram que sua produção foi danificada por vizinhos que pulverizavam dicamba.
Os problemas com a dicamba, inclusive, encorajaram os agricultores americanos a recorrer aos produtos Enlist da Corteva.
No Brasil, os produtores estão abertos a testar as novas biotecnolgias desde que elas aumentem a produtividade, mas não necessariamente aplicarão o dicamba.