Realizada no período de 15 de setembro a 5 de outubro do ano passado, com 987 entrevistados, os resultados apresentados hoje, segundo Marcos Kahtalian, sócio fundador da Brain, tem uma relevância estratégica para as empresas porque apontam para o crescimento, mesmo em um período econômico complicada trazido pela pandemia de Covid-19. Nesse mercado há grandes empresas, nacionais e multinacionais, que aparecem na pesquisa: além da Korin estão Mãe Terra, Sadia, União, Seara, Native, Jasmine, Vitao e Nestlé, entre outras.
“A pesquisa mostra crescimento no número de consumidores em relação ao levantamento de 2019, de 19 % para 31%”, diz ele. “A pandemia trouxe novos consumidores, já que o principal atributo percebido do orgânico é a associação com saúde e uma vida saudável em geral. Também 25% dos consumidores que declararam comprar orgânicos passaram a fazê-lo apenas nos últimos dois anos.”
A pesquisa aponta que, na percepção do consumidor, 31% relacionam os orgânicos a alimentos saudáveis e naturais; 29% relacionam a frutas, verduras e legumes, e 15% à saúde. Outro dado importante: 89% dos entrevistados acham necessário o selo de identificação, o que possibilita a rastreabilidade do produto. Esse índice fica muito próximo das pesquisas anteriores realizadas em 2019 (90%) e 2017 (78%). E mais, quando questionados quais os critérios determinam a escolha de produtos orgânicos, 43% declararam ser a aparência do produto e 41% ser o preço.
Outra percepção, a de que orgânicos são frutas, verduras e legumes, está diretamente ligada ao mix de produtos encontrados nos pontos de vendas. A variedade é bastante grande, mas ainda não se encontra muitas opções em proteína orgânica animal, como carnes, leite e laticínios. A marca Korin é uma das poucas do setor. É mais fácil encontrar açaí e acerola, entre outras frutas; açúcar, adoçante, álcool, antepastos, barrinhas, sucos, bebidas de grãos processados, óleos e até “leites” e “manteigas”, mas de base vegetal.
Para Kahtalian há três grandes desafios que o setor de orgânicos deve manter em sua pauta e que são oportunidades de negócios. São eles, segundo o executivo:
1) Ampliar a produção em si e ampliar a diversidade de produtos
2) Ampliar a distribuição e maior conhecimento deste segmento para os consumidores
3) Tornar o preço mais acessível para estimular o consumo
Em uma base de 403 respostas consideradas, 71% afirmam que a diferença de preços nos produtos orgânicos é justificada, sendo 18% por não utilizar agrotóxicos, 16% porque a qualidade do produto é superior e 10% por considerar o processo de cultivo mais complicado. Atualmente, o valor médio mensal gasto em produtos orgânicos é de até R$ 200 para 68% dos consumidores; de R$ 201 até R$ 350 para 15% dos consumidores e 17% gastam acima de R$ 350. Kahtalian diz que, nesse mercado, “a saída passa pelo crescimento da oferta e, claro, com o crescimento e popularização do conceito de orgânicos”.