Presidindo a primeira reunião ministerial da Missão de Inovação Agrícola para o Clima (AIM for Climate), em Dubai, na segunda (21 de fevereiro), o secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, disse que grande parte do financiamento será destinado a áreas de ponta de “agritech”, como “nanotecnologias, biotecnologias, robótica e IA”.
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Além de dobrar o compromisso de financiamento de US$ 4 bilhões para US$ 8 bilhões, a AIM anunciou que outros seis países (Chile, Costa Rica, Egito, Guiana, Moçambique e Turquia) aderiram à iniciativa que já conta com 140 parceiros governamentais e não governamentais, tornando-se o principal esforço do mundo para limpar a agricultura.
A agricultura contribui com 8,5% de todas as emissões de gases de efeito estufa e 40% das emissões globais de metano a cada ano. A AIM quer reduzir essas emissões abordando as áreas mais nocivas da agricultura.
Além das emissões de metano, há três áreas principais da agricultura que a AIM quer limpar, diz David Livingston, conselheiro sênior de John Kerry, o enviado especial presidencial do Estados Unidos para o clima. Isso inclui tecnologias emergentes, inovações de pequenos agricultores e pesquisa agroecológica, “ou o que algumas pessoas chamam de agricultura regenerativa”.
Correndo para a COP27
Kerry visitou o Egito na semana passada para discutir a próxima cúpula da COP27 em novembro, onde a AIM for Climate espera lançar sprints de inovação em quatro áreas focais: pequenos agricultores em países de baixa e média renda, redução de metano, tecnologias emergentes e pesquisa agroecológica.
Alguns “sprints” já estão em andamento. A IBM, por exemplo, prometeu US$ 10 milhões para organizações que promovem a agricultura sustentável. Uma organização, a Plan21, ajuda pequenos agricultores na América Latina.
A IBM já forneceu à organização financiamento e seus poderosos dados de previsão do tempo. “Ao fornecer essas previsões meteorológicas, podemos aumentar a produtividade, o rendimento das colheitas e a renda desses pequenos agricultores”, diz Justina Nixon-Saintil, vice-presidente e chefe global de responsabilidade social corporativa da IBM.
Em outro sprint, a Fundação Bill e Melinda Gates destinou US$ 40 milhões para financiar bancos de genes e o acesso dos agricultores a sementes que possuem resiliência incorporada a um clima em mudança.
“Os agricultores precisam mudar as variedades de sementes que usam de tempos em tempos”, diz Enock Chikava, diretor interino de desenvolvimento agrícola da Fundação Bill e Melinda Gates.
Agricultura Vertical, Aeroponia e Aquicultura
Ausentes da iniciativa AIM for Climate estão alguns dos maiores produtores de alimentos da Ásia: Rússia, Índia e China. Muitos dos signatários da AIM são importadores líquidos de alimentos, incluindo os Emirados Árabes Unidos, que gastaram mais de US$ 1,1 bilhão em produtos agrícolas dos EUA em 2021.
Mas os Emirados Árabes Unidos querem garantir seu suprimento de alimentos de outras maneiras. Atualmente, o país está investindo grandes quantias em agrotecnologia e aquicultura, diz James Lewis, diretor administrativo da Knight Frank no Oriente Médio e na África.
A Fish Farm, com sede em Dubai, lançada em 2013, produziu 600 toneladas de salmão em 2020, chegando a 1.000 toneladas em 2021. Nas proximidades, Abu Dhabi está investindo US$ 100 milhões em quatro empresas de agrotecnologia, o primeiro estágio de um programa maior de apoio à agrotecnologia de US$ 272 milhões.
É improvável que os Emirados Árabes Unidos venham a ser autossuficientes em alimentos, mas, ao turbinar sua indústria de agrotecnologia, pode ser capaz de chegar até lá e reduzir suas emissões no processo. “Realmente é preciso que todos façam alguma coisa, façam o que são capazes de fazer”, diz Vilsack.