Mas o volume produzido de açúcar na segunda quinzena de março ainda foi irrisório, de pouco mais de 10 mil toneladas, uma vez que a moagem está baixa, com usinas aguardando um maior desenvolvimento dos canaviais para um processamento mais produtivo, após problemas climáticos ao longo de 2021.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
A moagem de cana do centro-sul do Brasil somou 1,18 milhão de toneladas na segunda quinzena de março, queda de 76,35% na comparação anual, ainda com poucas usinas operando antes do início oficial da nova safra, em 1º de abril.
“O menor número de unidades na segunda quinzena de março e na primeira de abril é consequência dos eventos adversos da safra 2021/2022, que têm levado as unidades à atrasarem o início da colheita com a expectativa da melhora da produtividade agrícola e qualidade da matéria-prima”, disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
O diretor havia previsto em entrevista à Reuters em março que o número de unidades em operação seria pequeno, também pelo fato de o setor contar com estoques de açúcar e etanol.
As usinas têm focado mais o etanol, o que tradicionalmente acontece no início das safras, ainda mais após um reação nas vendas internas e preços em alta.
Na última quinzena da safra 2021/22, as unidades produtoras registraram um aumento de 16,24% no volume comercializado quando comparado ao mesmo período no ano anterior, segundo a Unica.
Para Padua, houve uma “sólida recuperação nas vendas de etanol hidratado” na segunda quinzena de março, que já vinha ensaiando uma melhora.
A segunda metade de março contou com 25 unidades produtoras em operação, sendo 16 usinas de cana e nove empresas que produzem etanol a partir do milho.
No mesmo período da safra anterior, havia 37 unidades industriais processando cana-de-açúcar e dez fabricando etanol de milho, de acordo com dados da Unica.
Vendas caíram em 2021/22
A moagem acumulada da safra 2021/2022, encerrada ao final de março, somou 523,11 milhões de toneladas, retração de 13,6% frente à safra 2020/2021, com impacto de uma redução maior em São Paulo, principal Estado canavieiro do país.
“Essa redução na produtividade é consequência do veranico prolongado nas regiões produtoras, das geadas que atingiram mais de 10% da área de colheita e dos focos de incêndio no mês de setembro”, disse o diretor.
Com isso, a produção acumulada de etanol atingiu 27,55 bilhões de litros (-9,31%), com a fabricação de anidro avançando 12,6%, para 10,91 bilhões de litros. Já o hidratado, que perdeu mercado para a gasolina, teve produção de 16,64 bilhões de litros (-19,55%) em 2021/22.
A parcela do produto fabricada a partir do milho totalizou 3,47 bilhões de litros, com avanço de 34,33% em relação à safra 2020/2021.
As vendas de açúcar para exportação na temporada que se encerrou somaram 23,62 milhões de toneladas, queda 18,37% ante a safra anterior. No mercado interno alcançaram 8,42 milhões de toneladas, redução de 4,25%.