O experimento foi idealizado por Pooja Kasiviswanathan, de 19 anos, que estava no segundo ano do ensino médio quando começou sua pesquisa sobre o desenvolvimento de sistemas alimentares em Marte. Ela construiu sua pesquisa ao longo de três anos, finalizando-a durante o último ano do ensino médio. Agora estudante de microbiologia do terceiro ano na Iowa State University, ela continua explorando essa pesquisa de outras maneiras.
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Esses resultados significam que os futuros astronautas precisarão de algum tipo de fertilizante para cultivar em Marte. De acordo com Kasiviswanathan, a alfafa é usada há muito tempo como biofertilizante na Terra. Por isso, a pesquisa foi com o cultivo de nabos, rabanetes e alface em solo “marciano”, no qual também foi cultivada alfafa regada com água fresca. O tratamento do solo baseado na alfafa mostrou um crescimento exponencial em todas as três plantas: os nabos tiveram um aumento de 190% no crescimento, a biomassa de rabanetes aumentou 311% e a biomassa de folhas de alface aumentou 79%, em comparação com o solo simulado não tratado.
“A principal ideia por trás deste projeto é poder integrar duas condições marcianas simuladas, analisar o efeito dessas condições no crescimento das plantas e fornecer tratamentos para o crescimento sustentável das plantas”, disse Kasiviswanathan à Forbes.
Em seguida, foram testadas plantas em um mesmo solo, mas desta vez usando água salgada biodesalinizada – água na qual o sal e outros minerais foram removidos usando bactérias nesse processo. Este foi um passo importante porque o sal e os minerais podem impedir o crescimento das plantas. Mas, na primeira tentativa, os nabos não se saíram tão bem, então as duas pesquisadoras filtraram as bactérias utilizando rochas vulcânicas. Nabos e rabanetes cultivados com a água filtrada tiveram um aumento no crescimento de 278% do peso seco e 1.047% do peso fresco, respectivamente.
Esta não é a primeira vez que cientistas simulam solo marciano para tentar cultivar alimentos. Um artigo publicado em 2019 descreveu 10 plantas diferentes (quinoa, rabanete, agrião, alho-poró, tomate, centeio, ervilha, espinafre, cebolinha e rúcula) cultivadas em terra que simulavam solo marciano e solo da Lua. O que se sabe é que todos, exceto um, tiveram crescimento significativo (desculpe, Popeye, mas o espinafre não conseguiu se sair bem).
Durante um estudo de 2017, do The International Potato Center, em conjunto com o Ames Research Center da NASA, os pesquisadores testaram se as batatas poderiam crescer em condições simuladas de Marte, em um pequeno satélite. O experimento foi um sucesso e concluiu que quaisquer futuras missões envolvendo o cultivo de batatas em Marte precisam preparar o solo com uma estrutura solta e nutrientes adicionados.
Mas nem todos os pesquisadores espaciais apostam que tentar cultivar uma fazenda em solo marciano seja um empreendimento frutífero. De acordo com Kevin Cannon, professor assistente de Geologia e Engenharia Geológica/Recursos Espaciais da Colorado School of Mines, a pesquisa da ISU pode estar atrasada.
Isso não impede Kasiviswanathan, no entanto, que diz ter planos de continuar testando até onde esse projeto pode chegar. Para o futuro, ela quer testar diferentes condições de simulação, bem como novas culturas, como feijão e grãos.
“Neste projeto, fomos capazes de cultivar plantas de forma sustentável em duas condições marcianas simuladas. Somos os primeiros a desenvolver essas estratégias”, diz ela. “Decidimos que é melhor ir passo a passo e analisar o efeito de certas condições marcianas no crescimento das plantas, uma de cada vez.”
* Arianna Johnson é colaboradora da Forbes USA e bolsista do Forbes HBCU (Historically Black College and University), programa de formação para jornalistas negros. Ela é formada em “Mass Media Arts”, com ênfase em jornalismo pela Clark Atlanta University.