De acordo com relatório de perspectivas divulgado hoje (24), a estatal disse que esse incremento nos abates abre espaço para um aumento na produção de carne bovina na ordem de 2,9%, diante da possibilidade de início no processo de descarte de vacas, característico do atual momento do ciclo pecuário.
Caso essa previsão seja confirmada, seria o primeiro aumento na produção de carne do Brasil desde 2018, a partir de quando o país registrou seguidas reduções na oferta de cortes bovinos, segundo dados da estatal.
O cenário indica algum alívio nas despesas com bezerro, após um período de retenção de matrizes, mas manutenção de custos altos em outros segmentos da pecuária.
“Apesar de haver previsão de queda do preço médio do bezerro, tal movimento não é suficiente para motivar uma queda geral nos custos, uma vez que a suplementação animal também tem sofrido com recentes altas”, disse em nota o gerente de Produtos Pecuários da Conab, Gabriel Correa.
Os produtores de carnes, principalmente de aves e suínos, se deparam com o desafio de gerenciar os custos de produção, diante de preços de milho em patamares mais altos — principal insumo da ração. Neste cenário de custos elevados, a tendência é de uma menor margem de rentabilidade, alertou a Conab.
“Essa combinação de fatores resulta em um provável aumento da oferta interna na ordem de 4,2%, elevando a disponibilidade per capita acima dos 51 kg/hab/ano”, afirmou a estatal.
No caso da suinocultura, ainda segundo a análise da Conab, a tendência para 2023 é de um aumento na ordem de 6,7% nos abates que, por sua vez, não deve se converter totalmente em aumento na produção da proteína em virtude do menor peso médio esperado diante dos elevados custos na alimentação dos plantéis.
Outro fator a ser considerado é a recuperação dos rebanhos chineses, atingidos fortemente pela peste suína africana a partir de 2018, que vem impactando nas cotações internas de suíno vivo, além de influenciar na redução das exportações para a China.