As entregas de adubos vêm crescendo de forma constante desde pelo menos 2019, segundo dados da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), tendo saltado 13% para 45,8 milhões de toneladas em 2021.
“Nos últimos anos, vemos um crescimento muito expressivo no mercado”, disse Maicon Cossa, vice-presidente comercial da Yara, uma das três maiores empresas de fertilizantes que operam no Brasil.
Os fatores que impulsionam uma possível redução incluem preços mais altos após a ameaça de interrupções no fornecimento ligadas à guerra na Ucrânia, que provocou sanções à Rússia, um grande exportador de fertilizantes, e causou um aumento nas importações brasileiras de países como o Canadá.
O Brasil importou 23,6 milhões de toneladas de fertilizantes, incluindo potássio e produtos formulados contendo NPK até julho, um aumento de 15,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em valor, a conta de importação subiu 175,3%, para US$ 16,1 bilhões (R$ 84,3 bilhões), segundo dados do governo.
Mesmo em meio a um aumento nas importações e fornecimento estável de origem russa, as entregas brasileiras de fertilizantes em maio caíram 4,7%, para 3,2 milhões de toneladas, disse a Anda.
Internalizar produtos e enviá-los para a fazenda será um desafio, acrescentou.
Cossa disse que os agricultores brasileiros atrasaram as encomendas de fertilizantes este ano, afetando as operações de descarga portuária na véspera da temporada de plantio no Brasil.
Uma queda nas aplicações de fertilizantes é uma possibilidade, disse ele.
Em julho, a Yara suspendeu temporariamente uma unidade misturadora de adubos em Cambé, no Paraná, culpando “um cenário desafiador de redução na oferta de matéria-prima” devido a sanções impostas após o início da guerra na Ucrânia.
Para evitar fornecedores russos em meio a sanções, o braço brasileiro da Yara procurou importar mais de suas próprias unidades na Europa e de Marrocos, Israel e América do Norte, disse Cossa.