Produtores de trigo têm no Cerrado brasileiro uma nova fronteira

27 de setembro de 2022
Joseani Mesquita Antunes

Lavoura de trigo de sequeiro no cerrado em MG

Os produtores de trigo do bioma Cerrado, onde predominam culturas como o milho e a soja, podem dar uma contribuição decisiva e ajudar o país a aumentar a oferta interna do cereal, reduzindo a dependência de importações.

Segundo um comunicado da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) divulgado hoje (27), as perspectivas para os produtores de trigo no Centro-Oeste do Brasil estão melhorando rapidamente, pois agora eles podem cultivar e lucrar com variedades adaptadas ao clima seco e quente da região.

Tradicionalmente, o Brasil planta trigo no Sul do país, onde é mais úmido e frio.

A Embrapa vê potencial para mais que dobrar a área total de trigo do Brasil por meio de expansões no Centro-Oeste, no Cerrado, segundo estimativa divulgada após um dia de campo com cerca de 130 agricultores locais.

Júlio Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados, observou que a produtividade média de trigo na região é de seis toneladas por hectare, já representando o dobro da média nacional.

No entanto, uma variedade de trigo desenvolvida pela Embrapa chamada BRS 264 já produziu 9,6 toneladas por hectare em uma lavoura comercial, e isso pode ser melhorado.

“Acreditamos que é possível chegar a 12 ou 13 toneladas por hectare, em um ciclo de produção de 130 dias, mantendo a qualidade industrial da farinha para a produção de pão”, disse Albrecht.

William Matte, um agricultor local que começou a semear trigo há cinco anos, está otimista.

“A região Centro-Oeste é propícia para aumentar a produção de trigo no País”, disse Matte. “Com certeza vamos parar de importar trigo.”

O Brasil deverá produzir quase 11 milhões de toneladas de trigo nesta temporada, um recorde impulsionado pela expansão da área. Mas o país precisa de mais de 12 milhões de toneladas por ano e ainda depende de importações, principalmente da Argentina.

Este ano, o Brasil começou a testar uma variedade de trigo geneticamente modificado resistente à seca no Cerrado, o que poderia ajudar a aumentar ainda mais a oferta interna.