A pesquisa revisada por pares usa uma “metodologia inovadora” que inclui a contabilização do benefício de sequestro de carbono das pastagens.
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O benefício do pasto nas emissões de GEE (gás de efeito estufa) é explicado por dois fatores, diz Horacio Aguirre-Villegas, pesquisador-chefe e Cientista III da Universidade de Wisconsin-Madison.
Primeiro, as pastagem têm um sistema radicular mais desenvolvido do que outras culturas que servem para alimentar as vacas. “Então, com pastagem, você acaba deixando a maior parte da biomassa (e, portanto, carbono) no solo, em comparação com o milho, que acaba retirando a maior parte da biomassa da propriedade”, diz Aguirre-Villegas.
Parte dessa biomassa nas raízes é carbono, e parte desse carbono será armazenada a longo prazo (mais de 100 anos), com base em diversos fatores.
O segundo benefício dos sistemas de pastagem é que a ração é produzida onde as vacas comem, diz Aguirre-Villegas. “Assim, não há necessidade de transporte, armazenamento, colheita etc., o que significa menos uso de insumos e, portanto, emissões de GEE relacionadas.”
Além de ser a maior cooperativa desse tipo nos EUA, a Organic Valley também é uma das maiores marcas de consumo orgânico do mundo, representando cerca de 1.800 agricultores em 34 estados dos EUA, juntamente com Canadá, Austrália e Reino Unido.
Como a pecuária orgânica contribui para o sequestro de carbono?
Todas as propriedades orgânicas modeladas no estudo recebem pelo menos 50% de sua necessidade de dieta com pastagens ou forragens, explica Aguirre-Villegas.
Quão baixo é, quando se trata da redução das emissões de GEEs de fazendas orgânicas?
O estudo diz que os benefícios do sequestro de carbono variam de 7% a 20%. “Isso realmente depende do sistema agrícola”, diz Aguirre-Villegas.
As propriedades convencionais poderiam adotar práticas de manejo muito eficientes e sustentáveis, como digestão anaeróbica do esterco, injeção de fertilizantes nitrogenados, plantas de cobertura, seguir planos de manejo de nutrientes para evitar perdas de nitrogênio e reduzir as emissões de GEE. “O alcance pode ser amplo”, afirma.
Quanto ao leite produzido pelas vacas, um estudo nacional de 2013 sobre fazendas leiteiras convencionais resultou em uma produção média de leite maior do que o estudo da Universidade de Wisconsin-Madison de fazendas orgânicas (denominado como leite corrigido para gordura e proteína). No entanto, nenhum estudo incluiu o sequestro de carbono em sua análise, diz Aguirre-Villegas.
“Nosso estudo propõe um método para incluir o sequestro de carbono na análise e esperamos que outros pesquisadores utilizem o método e, se possível, melhorem, para que esse serviço ambiental das propriedades que dependem do pastoreio seja capturado.”
E não são apenas as fazendas orgânicas que podem se beneficiar. “Todas as fazendas produtoras de pasto e outras culturas podem adotar (o método proposto pelo estudo)”, acrescenta Aguirre-Villegas.
“Como segunda parte de nosso estudo, também queremos incluir serviços ambientais adicionais que as fazendas orgânicas fornecem, que podem não ser realizados nesses tipos de estudos. Por exemplo, alguns produtores preservaram áreas florestais ou pântanos em suas propriedades, contribuindo não apenas para um maior sequestro ou carbono, mas também para a qualidade do ar e da água.”