A energia eólica offshore virou objeto de interesse de empresas como Petrobras, Shell e Equinor, que veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás.
A agência reguladora ANP já contabiliza dez projetos de PD&I de petroleiras dedicados a identificar e desenvolver soluções para geração eólica offshore, disse Symone Araújo, diretora da agência, durante seminário sobre o tema nesta terça-feira.
“É muito relevante esse movimento… Entendemos que há um papel relevante da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação [nos contratos] para que a gente possa cada vez mais acelerar e estar ‘on board’ no processo de transição energética”, disse Araújo.
Gustavo Pires Ponte, representante da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), lembrou que a cessão de uso de recursos no mar será gratuita para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, conforme decreto assinado pelo governo no início deste ano para desenvolver a geração eólica offshore.
O Ministério de Minas e Energia vem avançando com a regulamentação necessária para que os projetos comecem a sair do papel. Atualmente, os empreendimentos eólicos offshore em licenciamento no Ibama somam 169 gigawatts (GW) de potência.
“Eles [projetos de PD&I] vão nos ajudar na superação desses desafios todos, como na formação de mão de obra”, afirmou Ponte.
“Há um desafio de se conhecer melhor o recurso eólico no mar… Precisamos reduzir as incertezas, porque ainda nos baseamos em dados de modelos de satélite. A Petrobras é um ótimo exemplo, com recursos de P&D, fizeram a medição de ventos no mar”, acrescentou Ponte.
A Shell está conduzindo estudos sobre a fonte focados em entender os recursos eólicos no Brasil, a fim de desenvolver tecnologias que sejam mais compatíveis com a realidade nacional, disse Camila Brandão, gerente do programa de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em geração renovável da Shell Brasil.
Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), avalia que o Brasil ainda não tem “desafios” relacionadas à offshore, apenas etapas a serem percorridas.
Segundo ela, o Brasil já avançou com licenciamento ambiental e regulação para os projetos, enquanto questões associadas à infraestrutura (transmissão de energia), cadeia produtiva nacional e custos ainda precisam ser endereçadas.
Na semana passada, a executiva disse esperar que um primeiro leilão de cessão do uso do mar possa acontecer no primeiro semestre do ano que vem.