Brasil tem status de insignificante para “mal da vaca louca”, diz Mapa

11 de outubro de 2022
Md Babul Hose/Getty Images

Brasil monitora mal da vaca louca, com base nas orientações da OIE

Com a morte de duas pessoas, diagnosticadas com a doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), na Bahia, causada pela infecção Encefalopatia Espongiforme Transmissível Humana, e outras três infectadas, a Sesab (Secretaria da Saúde da Bahia) e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) se manifestaram ontem (10).

A doença de Creutzfeldt-Jakob é degenerativa e não tem uma causa definida, mas uma de suas variantes é conhecida como “mal da vaca louca”.  A DCJ é um tipo de ETT (encefalopatia espongiforme transmissível) que acomete os humanos. A doença da “vaca louca”, por sua vez, é uma outra doença neurodegenerativa rara e que está ligada ao consumo de carne e subprodutos de bovinos contaminados com EEB (encefalite espongiforme bovina). Em ambos os casos, a doença é causada por um príon, uma molécula de proteína que tem entre as suas principais característica a ausência de código genético.

O Brasil, que monitora a doença, nunca identificou um caso típico, causada pela contaminação de carne ingerida por uma pessoa.

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Para esta variante da doença, desde 2012, o Brasil possui status sanitário de risco insignificante, de acordo com a OIE (Organização Mundial da Saúde Animal), uma organização intergovernamental, com sede em Paris e da qual o país é signatário.

Nas décadas de 1980 e 1990 houve um surto da doença na Europa, que começou no Reino Unido e que assustou o mundo. Desde então, há um monitoramento rígido da doença em todos os países ligados à OIE. Na época, foram registrados cerca de 100 mil casos apenas na Grã-Bretanha. À época, aproximadamente 180 mil bovinos foram afetados e 4 milhões de animais foram sacrificados. A doença ataca o cérebro de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos, provocando dificuldade de locomoção e reação exacerbada a estímulos.

Nos atuais casos registrados, a Sesab informa que todos os pacientes são de Salvador. O Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) está acompanhando o quadro sanitário local.

A nota do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) foi emitida na tarde de ontem. Confira:

“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que os casos de doenças neurodegenerativas investigados no estado da Bahia e veiculados na imprensa não estão relacionados à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) – variante da DCJ (vDCJ), conhecida popularmente como Doença da “Vaca Louca”.

Segundo o Ministério da Saúde, um caso está em investigação e ainda falta realizar exames para confirmação do diagnóstico. As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro.

Desde que a vigilância da DCJ foi instituída pelo Ministério da Saúde, nenhum caso da variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ) foi confirmado no País. Da mesma forma, a EEB clássica nunca foi detectada no rebanho bovino do Brasil em mais de 20 anos de existência do sistema de vigilância da doença, instituído e coordenado pelo Mapa.

O Brasil detém, desde 2012, o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como país de risco insignificante de EEB. O Mapa reforça ainda que o consumo de carne e produtos derivados de bovinos no Brasil é considerado seguro, não representando risco para a saúde pública”