Conforme aponta apresentação no site da organização, o conceito é mais distinto e complexo do que uma área ou terreno protegidos como patrimônio histórico, como ocorre com as pirâmides do Egito, por exemplo. “O GIAHS é um sistema vivo e baseado na evolução de comunidades humanas em uma relação intrincada com seu território, paisagem cultural ou agrícola ou ambiente biofísico e social mais amplo”, explica.
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Conheça a seguir cinco destes sistemas de agropecuários que possuem mais de 400 anos, tendo como particularidade os cultivos dependendo de algum suporte:
Cultura de arroz com peixe
Estabelecido na China durante a dinastia Han (entre 206 antes de Cristo e o ano 220), o RFC (sistema produtivo de arroz-peixe) se baseia na teoria da simbiose entre o cultivo da lavoura e a criação de peixes.
Ambos se beneficiam por estarem no mesmo ecossistema aquático de maneiras diferentes. Enquanto as fezes do peixe ajudam a fertilizar o arroz e regular condições micro-climáticas, o arroz, que é uma gramínea, oferece sombra e alimentação ao peixe por meio de larvas e algas formadas na água.
Valle Salado na agrofloresta
Em Añana, região do país Basco, ao norte da Espanha, um modelo agrícola para a extração de sal começou a ser desenvolvido há cerca de 7.000 anos. O Valle Salado, onde a produção é realizada, foi estabelecido em um área com a presença de dois pequenos rios de água doce e um diapiro, fenômeno geológico que ocorre em material rochoso e estabelece um depósito natural de sal.
A junção das duas características faz com que o vale possua diferentes nascentes de água salgada, das quais os produtores extraem a água para realizar sua evaporação em uma salina. Com o valor recebido pela produção e venda do sal, os produtores de Añana são capazes de produzir seu alimento em um modelo agroflorestal. São produzidas culturas herbáceas (cereais, colza, batata, beterraba e outros) que não são afetadas pela salinidade do solo. A FAO estima que 9.000 pessoas são beneficiadas pelo sistema.
Chinampas e seus salgueiros
Criado pela civilização asteca entre 1300 e meados de 1520, o método chinampas de agricultura se baseia na construção de canteiros flutuantes em lagos. Com produtividade alta de cinco safras anuais, as estruturas de madeira trançada acumulam lama e continuam unidas graças ao plantio ahuejotes, uma espécie nativa de salgueiro cujas raízes trazem maior estabilidade ao canteiro flutuante.
Maasai, um agropastoril diferente
Em meados do século 17, o povo seminômade Maasai se estabeleceu no Quênia, país africano marcado por sua aridez, e desenvolveu seu próprio sistema agropastoril. Os animais, como bovinos, búfalos, cabras e ovelhas são criados em conjunto com o cultivo de espécies endêmicas de milho e feijão.
Para isso, os membros da comunidade Maasai dividem entre si diferentes tarefas como pesquisas sobre possíveis áreas de pastagem, movimentação dos animais e gerenciamento da água. Além disso, também exploram florestas para encontrar frutas, sementes, mel e plantas medicinais para o seu próprio consumo enquanto ainda não possuem uma safra de milho ou feijão.
De acordo com a FAO, o povo Maasai já tentou mudar de estratégia, vendendo os animais, mas o círculo autossuficiente ainda é importante para sua segurança alimentar. Os Maasai utilizam três regras informais para produção: evitam áreas usadas, mantêm distância de outros grupos e evitam áreas recém-desocupadas. Eles também só realizam a movimentação dos animais quando já garantiram a disponibilidade de água e forrageiras na próxima área para onde irão. A superfície total da área reconhecida pela entidade é de 93,1 mil hectares, com uma população de 5.539 pessoas
Ramli domina a areia para plantar
O grupo encontrou no país do norte africano uma região desprovida de terras agrícolas e desenvolveu uma técnica para produzir alimentos às margens de lagoas. Os produtores criam, nas lagoas, uma área agricultável utilizando a matéria orgânica encontrada no local para enriquecer o solo arenoso.
Esse material é depositado para que atinja uma altura específica em que as raízes do alimento produzido sejam irrigadas por uma fina camada de água filtrada naturalmente, sem a presença de sal. A batata é o principal alimento produzido por meio do método Rami, mas a região também produz cebola, alho, melão e abobrinhas.