“A gente vende para cobrir os custos. Historicamente, estamos em linha com o que estamos em todos os anos… mas que nem sempre está em linha com o que o mercado está fazendo”, disse à Reuters o diretor de Operações Agrícolas da companhia, Pedro Valente.
Leia também: Exportação de milho do Brasil cresce 127% no início de novembro
Mas na Amaggi Valente disse que, mesmo atento a todos estes fatores do mercado, a companhia prefere ser assertiva naquilo que, de fato, pode ter controle, que é sua gestão de custos.
“É melhor aproveitar as oportunidades do que ficar tentando acertar qual é o melhor momento (para venda)”, afirmou o diretor da companhia da família do empresário e ex-ministro Blairo Maggi. O executivo não detalhou, por questões estratégicas da empresa, se as vendas já fechadas compensam o total de despesas para a safra 2022/23.
Para ele, a lentidão na comercialização desta safra, em geral no Brasil, também está atrelada a uma demanda mais acomodada na ponta do comprador de soja. “O que se tem hoje é um desaquecimento geral da economia mundial e você não vê pressa de compra por quem consome… A China, principal consumidora de soja, segue com todo o problema ligado à Covid”, exemplificou.
Segundo Valente, as vendas antecipadas de algodão 2022/23 da empresa também estão em torno de 60%, enquanto as de milho estão em 35%.
Nesta safra, a área total da Amaggi – considerando soja, algodão e milho – deve crescer cerca de 5,6% em relação ao ciclo de 2021/22, para 381.154 hectares. O diretor disse que a empresa inicialmente planejava manter a área de soja nos mesmos 175 mil hectares cultivados na última temporada, mas preferiu reduzir para 170,6 mil e apostar em uma elevação para o algodão, que é a cultura considerada mais importante para a companhia.
Com isso, a área da pluma, entre safra e “safrinha”, deve subir de 149,4 mil para 175,1 mil hectares no ciclo atual. No total, somadas as três culturas, a companhia deve produzir 1,55 milhão de toneladas, versus 1,19 milhão na safra passada, um crescimento de mais de 30%, acima do aumento da área, com expectativa de melhores produtividades.
Clima preocupa
O diretor contou que, até o fim de outubro, o clima estava mais chuvoso, favorável ao plantio. No entanto, nas últimas duas semanas o Mato Grosso começou a passar por um período mais seco. “Mato Grosso está sofrendo com uma instabilidade pelo La Niña… não é comum este período com veranico”, disse. “Temos preocupação sim, talvez não tão severa como está acontecendo no Sul e Sudeste, mas a preocupação é real.”
Considerando que este é o terceiro ano consecutivo de La Niña, ele lembrou que o que tem acontecido nestes últimos anos é um aumento de estiagem e depois um amplo volume de chuvas de uma vez só. “A questão não é volume da chuva, mas a distribuição dela… Não precisamos de chuvas volumosas, mas constantes”, afirmou.
Caso o clima colabore, a ideia é colher a soja e terminar o plantio do algodão segunda safra da Amaggi até 5 de fevereiro. Para o milho, a semeadura da safra deve ir até 26 de fevereiro, na tentativa de garantir uma janela de plantio ainda melhor que a do ano passado.