Fábio Mariano afirmou ainda, em teleconferência para comentar os resultados trimestrais, que a companhia tem aproveitado oportunidades após a colheita recorde de milho no Brasil, realizando compras nos melhores momentos do mercado para garantir estoques adequados da matéria-prima.
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“A gente entende que isso (a importação de milho brasileiro pelos chineses) não deve ter influência nos preços, porque em termos relativos isso não exercerá uma mudança em relação ao que é a exportação de milho do Brasil, em relação à safra total”, disse o executivo.
Segundo ele, a exportação de milho do Brasil – segundo exportador global do produto, atrás dos EUA – “representa algo próximo de um terço (da produção), e os dados sugerem, vendo os dados da Conab e USDA, que esse número se mantém em termos relativos”.
Alguns analistas, contudo, veem a China como possível fator de alta, especialmente para os prêmios do milho brasileiro sobre os mercados futuros globais.
Importadores tradicionais do cereal brasileiro, como Espanha e Egito, poderiam transferir algumas das suas compras para os Estados Unidos, tradicionalmente maior produtor e exportador do grão.
As habilitações para que o Brasil possa iniciar exportações aos chineses ocorreram após problemas nos fluxos com a guerra na Ucrânia, um grande player do mercado que fornece volumes à China.
Menores custos em 2023
Mariano disse ainda confiar que, após uma grande safra de milho em 2021/22, o Brasil volte a colher uma produção recorde em 2022/23, o que deverá reduzir custos para a empresa em termos de matéria-prima no ano que vem.
Baseado nessas estimativas, ele disse que os modelos já sugerem “um custo de ração declinante ao longo de 2023”.
Disse também que a nova administração da companhia trabalha em formas de otimizar processos para ter o melhor aproveitamento da matéria-prima pelas criações.
“É preciso começar a falar do grão não só no fator preço, é preciso falar do fator quantidade… é preciso melhorar indicadores de mortalidade (de animais), a gente deixa de desperdiçar o grão quando perde um animal, quando a gente fala de indicadores de rendimento, deixamos de desperdiçar o grão, quando falamos da conversão alimentar não adequada a gente também está jogando o grão fora”, exemplificou.
“É uma oportunidade de originação a preços mais baixos, isso foi feito, então a gente tem os estoques hoje de maneira estratégica, dentro de ‘range’ que consideramos adequado, e que ainda assim, se observarmos novas oportunidades de originação, a gente poder materializar.”
Os preços do milho no mercado interno têm oscilado perto de R$85 a saca de 60 kg no mercado interno desde meados de outubro, segundo indicador do Cepea. O patamar está inferior aos níveis nominais recordes acima de R$100 vistos no início do ano.
Copa e timing
No curto prazo, a BRF espera um aquecimento do mercado para seus produtos, com a realização da Copa do Catar estimulando o consumo, enquanto a nova direção avalia que 2023 tem que ser marcado por agilidade da empresa em decisões sobre a precificação, por exemplo.
Segundo ele, a companhia tem pessoas, informações e estrutura para capitalizar as oportunidades, com crescimento orgânico.
Na teleconferência para comentar os resultados do trimestre em que a empresa voltou a ter prejuízo milionário, Gularte disse que é preciso “olhar para frente”, o que “não significa ignorar problemas que existiram”.
Gularte, ex-CEO da Marfrig, que é acionista majoritária da BRF, disse que a BRF tem estrutura e marcas como Sadia e Perdigão que podem “entregar resultados”, mas é preciso executar um plano integrado com os vários setores da companhia.