“Ao sermos donos da terra, podemos investir na infraestrutura necessária desde o início, garantindo a construção de uma fazenda eficiente para o futuro a longo prazo”, diz Honderd. Conforme destacado por um artigo recente do New York Times, cerca de 40% das terras agrícolas nos Estados Unidos são alugadas. A propriedade de terras agrícolas tornou-se um investimento atraente para muitos grandes nomes e corporações.
LEIA MAIS: Queijo Minas Artesanal pode se tornar patrimônio cultural da humanidade
“Essencialmente, estamos perdendo terras agrícolas em um ritmo muito rápido, da ordem de 16 hectares a cada hora perdidos em todo o país”, com 4,5 milhões de hectares perdidos entre 2001 e 2016, diz Stacy Funderburke, conselheira regional do The Conservation Fund e diretora estadual associada para a Geórgia e o Alabama. “Muito disso está em áreas metropolitanas maiores. A expansão e o desenvolvimento estão apenas engolindo muitas áreas agrícolas históricas”.
Enquanto isso, a idade média dos agricultores nos EUA é de cerca de 58 anos e aumenta a cada ano, além da sucessão nas propriedades rurais no país não é mais o que costumava ser, quando filhos e netos substituíam os mais velhos. “No momento, enfrentamos essa situação”, diz Funderburke. “Tudo vai para a consolidação da corporação ou existe alguma outra saída?”
Working Farms Fund
O The Conservation Fund, uma iniciativa do Working Farms Fund, surgiu no início de 2021. É um fundo rotativo que a organização sem fins lucrativos usa para comprar, principalmente, fazendas de pequeno a médio porte em risco de serem vendidas para corporações. A terra é passada para agricultores que podem arrendar a propriedade por três a cinco anos com opção exclusiva de compra.
O programa já possui 10 fazendas nas regiões metropolitanas de Atlanta e Chicago, com 300 hectares garantidos e US$ 7 milhões (R$ 37,5 milhões na cotação atual) investidos em terras, apoiando mais de 35 agricultores. Isso inclui o Love is Love, na Geórgia.
Honderd diz que ele e Ponce começaram a procurar o Working Farms Fund por volta de 2018. Estavam noivos e queriam comprar uma propriedade rural juntos, mas não conseguiram economizar dinheiro suficiente como gerentes de produção de comida para o gado em uma fazenda e cultivando alimentos em outra propriedade.
No início de 2021, o casal começou a planejar uma nova operação agrícola em 30 hectares comprados pelo The Conservation Fund por cerca de US$ 650.000 (cerca de R$ 3,5 milhões). Em janeiro de 2022, com a ajuda de uma campanha para um grupo de assinaturas da Community Supported Agriculture (CSA) de um dos cinco parceiros, todos estavam trabalhando na nova fazenda.
“Estamos no caminho certo para mais de meio milhão em vendas. Contratamos 11 funcionários para meio período este ano, dobramos o tamanho de nosso CSA e iniciamos uma empresa produção de mudas para outros agricultores locais. No próximo ano, pretendemos adicionar mais três hectares de produção, contratar dois funcionários em período integral e aumentar nossa mão de obra para os de meio período.”
Fazenda crescendo como deve ser
O objetivo é ampliar o Working Farms Fund para ser um programa nacional. Funderburke diz que mais de 20 fazendeiros estão interessados em ser proprietários apenas em Atlanta. O The Conservation Fund está olhando para a expansão em Charlotte, Carolina do Norte; Austin, Texas; Pensilvânia; Minneapolis e outras localidades.
“Ao pensar apenas na região metropolitana de Atlanta, nossa meta nos próximos 10 anos é apoiar pelo menos 80 fazendas, totalizando 2.600 hectares de de terras agrícolas permanentemente protegidas e, como resultado, apoiando mais de 300 jovens agricultores – adicionando investidores institucionais para esses agricultores à medida que formos crescendo”, diz Funderburke.
* Jeff Kart é colaborador da Forbes EUA e consultor de comunicação ambiental. É mestre em estudos ambientais pela University of Illinois, em Springfield.