O executivo pontuou que a empresa, maior processadora global de cana, expandiu a área de plantio e que está otimista em relação aos resultados do próximo ano-safra, após indicar que a moagem no ciclo atual 2022/23 cairá ante o anterior.
No segundo trimestre da safra, a Raízen processou 33 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, redução de 12% em relação ao volume processado no ano-safra anterior, segundo balanço financeiro da empresa publicado na véspera.
“Vamos encerrar um pouco mais tarde (a moagem em 2022/23). Na verdade foi um deslocamento no tempo, então o volume que iria para um ano-safra vai passar para o outro”, disse Moura, em uma entrevista por videoconferência.
A moagem no centro-sul do Brasil começou mais tarde em 2022/23, com usinas aguardando a recuperação dos canaviais após a seca do ano passado. E mais recentemente o tempo chuvoso colaborou para um alongamento da safra, segundo dados da associação Unica.
No acumulado dos dois trimestre da safra, a Raízen processou 59,3 milhões de toneladas, queda de 13,4% na comparação anual.
“Mas a gente está brincando aqui entre a gente, que a gente vai comprar vassoura para varrer depósito e armazém para tirar açúcar e poder vender”, disse o executivo.
A produção de açúcar no trimestre somou 2,4 milhões de toneladas, queda de 11% na comparação anual, enquanto a de etanol atingiu 1,39 bilhão de litros (-9,7%).
Moura avaliou que a empresa “está conseguindo rendimentos agrícolas e industriais bastante sólidos”, ajudando a compensar a queda da moagem.
A Raízen afirmou na véspera que registrou um aumento no volume de negócios no trimestre passado, como consequência da ampliação da exportação de etanol e açúcar, expansão de seu portfólio de renováveis e investimentos em novos negócios, fortalecendo sua plataforma integrada de energia.
A empresa, uma joint venture da Cosan e da Shell, registrou receita líquida de R$ 64,2 bilhões, 32% a mais que o mesmo período do ano anterior.
A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado da Raízen, também uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, foi de R$ 2,8 bilhões, representando um recuo de 14,1% ante igual período da safra passada, impactado pelos efeitos adversos nos estoques dos combustíveis no Brasil, refletindo a queda consistente de preços de todos os produtos.
Preços de combustíveis
“Nós temos hoje 400 navios afretados em favor da Raízen. Essa potência que a gente tem de logística dá para a gente diversificação de risco no suprimento de derivados, tanto para o Brasil quanto para a Argentina quando necessário”, afirmou.
“A gente vai sempre trabalhar com margens sólidas”, afirmou o executivo. “A gente se articulou para ser resiliente em qualquer cenário, mais importações ou menos importações.”
Questionado, ele comentou que vê os preços da Petrobras hoje “um pouco abaixo do mercado internacional”, mas pontuou que vê atualmente a estatal mais fortalecida em termos de governança corporativa.
Moura comentou ainda planos que vêm sendo abordados pelo novo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, de buscar a expansão do parque de refino no país. Ele pontuou que a construção de novas unidades deverá levar tempo, e que a Raízen não tem como uma de suas prioridades de capital investir em refinarias.
O executivo disse ainda que a Raízen está atenta a eventuais oportunidades relacionadas a negociações envolvendo a rival BP Bunge, mas evitou dar mais informações sobre o tema.
“É óbvio que como líder do mercado eu tenho que olhar”, mas pontuou que “não comenta sobre operações que estão sob acordo de confidencialidade”.