Se confirmado, o volume de exportação ficará mais perto do recorde de 2,3 milhões de toneladas registrado na temporada de 2019/20, lembrou o presidente da entidade, Júlio Cezar Busato, quando o Brasil havia produzido 3 milhões de toneladas da pluma.
No ciclo atual, cuja primeira safra já está sendo plantada, a expectativa é que a produção fique em 2,95 milhões de toneladas, alta de 18% comparada a 2021/22.
“Estamos vendendo grande parte da produção com bons prêmios de exportação”, disse ele, creditando este desempenho à credibilidade que o produto brasileiro conseguiu enquanto fornecedor global.
As vendas antecipadas, no entanto, estão em torno de 50% da produção esperada, atrasadas em relação a anos anteriores, quando teriam atingido 70% nesta época da safra.
“Devíamos estar em 70% na comercialização e estamos apenas com 50% em função dessa queda no preço… O produtor parou de vender diante do nosso custo”, afirmou o executivo.
Para Busato, o setor conta com um problema nesta temporada, que é a combinação entre altas despesas, causadas principalmente pelos preços dos fertilizantes e dos combustíveis, e queda das cotações da pluma pressionada pelo consumo internacional.
A entidade calcula que os custos de produção aumentaram 27% no comparativo anual e estão cerca de duas vezes mais altos, em relação à temporada de 2020/21. Já os fertilizantes saltaram 57%, contra o ano passado.
“Este ano vamos ganhar muito pouco ou nada… (mas) quando voltar o consumo, nós vamos ganhar mercado por termos mantido a área plantada”, disse Busato, citando previsões de redução no plantio de um dos maiores concorrentes do Brasil, os Estados Unidos.
Caso os norte-americanos, de fato, diminuam a área de algodão para apostar em soja e milho, o presidente da Abrapa acredita que será possível avançar na competitividade da pluma brasileira.
Busato esclareceu à Reuters durante evento em São Paulo que a recuperação no consumo externo da indústria têxtil depende da intensidade de uma eventual recessão econômica nos Estados Unidos e países europeus.
Sobre a Ásia, ele avaliou que a situação de parada nas indústrias em função da pandemia, em especial na China, é “uma situação momentânea”.
Na lavoura
O presidente da Abrapa destacou que a atual falta de chuvas presente em Mato Grosso –maior Estado produtor da pluma– ainda não atinge as lavouras de algodão, pois a maior parte dos agricultores faz este cultivo na segunda safra.
“Plantam em janeiro, então ainda dá tempo da chuva voltar neste mês e conseguirmos fazer o plantio em uma boa janela”, disse ele.
Para os demais Estados em que a pluma já está sendo semeada, como a Bahia que tem papel importante na produção nacional, Busatoa afirmou que está chovendo bem.