A CRAS Brasil, maior comercializadora brasileira de óleo de amendoim, tem fomentado o cultivo da matéria-prima para ampliar a oferta com objetivo de atender mercados em crescimento da China e da Europa, e vislumbra investimentos em uma refinadora local, na expectativa de que o consumo de óleos premium ganhe uma fatia adicional do segmento nacional.
Com mais de um quarto de participação em uma indústria nacional de óleo de amendoim focada na exportação, a CRAS aposta em um produto que vale o dobro do óleo de soja, pela sua saudabilidade, e tem participado de um trabalho de multiplicação da variedades de sementes com maior teor de óleo e de ciclo mais curto, visando cair no gosto dos produtores.
“Estamos trabalhando sementes específicas para a produção de óleo, com mais teor de óleo, estamos motivando o produtor a plantar através até de um prêmio… para ampliar, tem que ter mais produto, mas tem um tempo para atingir isso, precisa multiplicar as sementes”, disse o CEO da CRAS Brasil, Rodrigo Chitarelli, à Reuters.
Considerando as potencialidades agrícolas do Brasil e a participação relativamente pequena do país no mercado global frente a outras commodities como soja –o país é o nono produtor global, com 8% do mercado mundial de óleo de amendoim–, as perspectivas são favoráveis para o cultivo.
O processamento atual do país está em torno de 300 mil toneladas/ano, produzindo 110-120 mil toneladas/ano de óleo.
A empresa ainda tem projeto de expandir atuação para o Mato Grosso, onde as terras são mais baratas em relação a São Paulo, que responde por 90% da produção nacional. O avanço do amendoim para o maior Estado produtor de grãos do Brasil ocorreria primeiro com a instalação de uma unidade menor de processamento para posicionar a empresa e estimular o cultivo, disse Chitarelli.
“Estamos investindo nos produtores, no aumento do plantio, em paralelo temos projeto em investir para aumentar o sistema de recebimento, temos projetos de levar a operação para o Mato Grosso, mas são ações que precisam estar em paralelo, não adianta atacar a indústria se não tiver matéria-prima”, completou.
Segundo o CEO, também sócio fundador da CRAS, do lado da demanda há segurança para os investimentos, com a China podendo comprar quaisquer volumes ofertados.
A CRAS já tem um escritório em Pequim e conhecimento do mercado, o que dá a confiança na ampliação do negócio.
Investimentos realizados nos últimos anos permitiram que a companhia multiplicasse por cinco a sua produção de óleo de amendoim para 200 contêineres/mês, em cinco anos.
Com atuação também em trading, madeira e energia, a empresa fundada em 2011 tem crescido fortemente seu faturamento nos últimos anos, com o setor agro respondendo por parte importante. A receita da companhia está estimada em mais de 600 milhões de reais em 2023, mais que o dobro de cinco anos atrás.
Planos Futuros
Mas a CRAS ainda avalia o melhor momento para novos investimentos, uma vez que lida atualmente com custos financeiros maiores, diante da crise global no setor bancário e dos reflexos dos problemas na varejista Americanas.
Segundo o CEO da CRAS, o óleo da amendoim chegou a ser o principal do mercado nacional na década de 70, sendo substituído depois pelo de soja. E, de acordo com ele, enquanto minguou o consumo no país, em outras nações seguiu forte a demanda. Atualmente cada brasileiro consome 1,2 kg de amendoim por ano, enquanto a média mundial é de 6 kg por habitante por ano.
De olho neste potencial, a CRAS avalia investimentos em uma refinadora de óleo para produzir visando o mercado local, uma vez que a exportação trabalha com o produto bruto, disse Chitarelli.