O lucro líquido da varejista de insumos agrícolas AgroGalaxy atingiu R$ 53,9 milhões em 2022, queda de 64,2% comparada ao ano anterior, em meio a uma pressão causada pelo alto patamar de taxas de juros do país, efeito esse que também levou a companhia a evitar planos de fusões e aquisições em 2023, disseram executivos à Reuters hoje (29).
Normalmente ativa em M&A, a AgroGalaxy adquiriu nove empresas nos últimos anos, lembrou o CFO da companhia, Mauricio Puliti.
O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano em reunião na semana passada.
Puliti comentou que não espera queda para as taxas, mas mesmo assim 2023 deve ser um ano mais promissor, pois a AgroGalaxy terá menor necessidade de capital de giro e fará o pagamento de dívidas.
“Deve ser um ano com geração de caixa operacional, ao contrário de 2022, dado a queda de preço dos insumos, além do nosso foco na diminuição dos estoques. Vamos crescer menos (em receita), mas aumentar nosso lucro líquido”, estimou.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 704,5 milhões no ano, avanço de 78,8%.
No quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido aumentou 17,8% ante igual período de 2021, para R$ 186,9 milhões com o faturamento de pedidos que já haviam sido realizados em meses anteriores. O Ebitda ajustado cresceu 43,6% no mesmo comparativo, para R$ 352,7 milhões.
Mercado
A CEO do AgroGalaxy, Sheilla Albuquerque, alertou que o setor de insumos poderá ser impactado pelo atraso na colheita e comercialização de soja 2022/23, em relação à média dos últimos anos.
Segundo a executiva, no ano passado havia um receio sobre falta de oferta de fertilizantes por conta da guerra na Ucrânia e ainda temores quanto a defensivos como o glifosato, que tiveram o fluxo de negócios afetados pela pandemia da Covid.
“Agora o agricultor sente uma normalidade. O agricultor sabe que ele está mais seguro do ponto de vista de suprimento e ele está jogando essas compras de acordo com a necessidade porque ele não tem mais receio que essas compras vão faltar”, afirmou.
“O ritmo de comercialização vai ser diferente e temos que estar prontos para o agricultor quando ele vier”, acrescentou, ressaltando que já foi possível observar redução nos pedidos neste momento do ano.
“O agricultor está mais ávido por tecnologia. Com a redução nos custos da próxima safra, abre mais espaço para ele empilhar tecnologia que ajude ele a produzir mais.”