A produção brasileira de café em 2023/24 deve atingir 66,65 milhões de sacas de 60 quilos, aumento de 13% sobre a temporada anterior, projetou nesta segunda-feira a consultoria Safras & Mercado, com base em sondagem junto a cooperativas, produtores, tradings, entre outras fontes.
A Safras notou que a colheita está começando para os grãos canéforas (robusta e conilon), cujos trabalhos nos cafezais devem ganhar “intensidade ao longo de abril”, após um atraso inicial devido ao excesso de chuvas.
A Safras não trouxe percentuais de colheita, já que os trabalhos estão apenas começando.
A consultoria manteve a previsão da safra total dentro do intervalo que vinha trabalhando entre 65 milhões e 67,10 milhões de sacas, porém mais próximo da banda superior.
O clima favorável ao longo do ciclo produtivo, com chuvas regulares e intensas, ajudou a recompor o quadro hídrico e a garantir uma melhora significativa no potencial produtivo das lavouras de arábica, depois de dois anos de seca e geada afetando a produção, ressaltou Barabach.
“Apesar do avanço expressivo, a safra ainda deve ficar bem abaixo do recorde de 2020, quando o país produziu 50,90 milhões de sacas de arábica”, comentou o consultor.
“Praticamente todas as regiões produtoras de arábica devem elevar a produção, à exceção das Matas de Minas e Espírito Santo, onde se espera leve ajuste negativo por conta de ciclo bienal invertido”, acrescentou.
Segundo ele, as altas “mais expressivas” na colheita são esperadas para o Cerrado, duramente castigado por frio e falta de chuva em 2022, e o Sul de Minas.
“Ainda repercute os investimentos em rejuvenescimento e renovação do parque cafeeiro, especialmente no Espírito Santo. Já o bom desempenho financeiro, por conta da alta do preço e queda no custo médio (aumento da produtividade) vem chamando atenção sobre atividade e deve garantir avanços futuros na safra de conilon brasileira”, disse.
Exportação e estoques
Com o aumento da produção e um pequeno crescimento do consumo interno, a consultoria projeta exportações de café do Brasil em pouco mais de 44 milhões de sacas em 2023/24, volume 21% superior à temporada passada.
“A projeção de um crescimento bastante modesto no consumo doméstico está atrelada à perspectiva de crescimento baixo da economia esse ano no Brasil. Essa composição de maior produção e menor consumo interno acaba fortalecendo o saldo exportável”, apontou o consultor.
“Em linhas gerais, a folga projetada na oferta deve permitir a recuperação de ‘market share’ internacional e permite um avanço nos estoques, o que naturalmente deve repercutir sobre a curva de preços internacionais de café”, avaliou o consultor.