Em 45 anos, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a produção de grãos em território brasileiro, que era de quase 47 milhões de toneladas em 1977, saltou para mais de 312 milhões de toneladas no ciclo 2022/23, conforme previsão de 13/04/23 da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ou seja, mais de seis vezes. No mesmo período, a área plantada no país não chegou a dobrar. A atual área destinada à agricultura, é cerca de 9% do território nacional, de acordo com a Embrapa.
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É uma cena comum nas lavouras uma colhedeira, seguida de uma plantadeira, uma atrás da outra. Em diversas regiões, os produtores têm adotado o esquema de cinco safras em dois anos, produzindo, por exemplo, em um ano soja e milho e no outro ano, soja, sorgo e feijão – cultivares que têm um ciclo mais curto, possibilitando desta maneira, a produção de três safras no mesmo ano.
Algumas técnicas e tecnologias foram decisivas no sucesso deste modelo de produção, entre elas o plantio direto, o uso de sistemas de irrigação e a pesquisa e desenvolvimento de novos cultivares.
Ainda na década de 1970, os agricultores brasileiros começaram a implementar no país o plantio direto, técnica que o Brasil exporta para o mundo, onde o solo não é revolvido após a colheita, durante o preparo para a adubação e plantio. O plantio é feito sobre a palhada da cultura anterior, visando manter o solo recoberto, protegido de insolação, agregando matéria orgânica, enquanto mantém a temperatura e umidade.
A construção de um perfil de solo faz a diferença, garantindo mais umidade e nutrientes e pode ser decisivo no caso de um veranico (onda de calor e seca) por exemplo, garantindo maior produtividade. No caso da irrigação, a presença da palha do plantio direto, resulta em uma considerável economia de água e energia.
O sorgo apresenta crescimento, por causa da perda da janela de plantio do milho em algumas áreas, se tornando uma boa opção para a segunda safra por ser um produto mais resistente à estiagem. De acordo com a Conab, a produção do grão pode ultrapassar 3,7 milhões de toneladas nesta safra. Além do sorgo, planta-se também feijão, trigo, amendoim, milheto, gergelim, girassol e outras forrageiras para cobertura de solo na segunda safra, dependendo da região do país.
Os produtores rurais brasileiros produzem de duas a três safras por ano, rotacionando a cultura, cuidando do solo, evitando a erosão, investindo em novos cultivares, dentro das porteiras: o olhar é sempre no horizonte, esperando a próxima novidade, buscando eficiência e produtividade.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.