Letônia libera fertilizante russo e ONU busca salvar acordo de grãos com Ucrânia

22 de abril de 2023
Reuters_Serhii Smolientsev

Navio que transporta grãos ucranianos é visto no Mar Negro perto do porto de Odessa

Um primeiro lote de fertilizante russo que a Letônia apreendeu no ano passado está sendo enviado ao Quênia pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, disse o Ministério das Relações Exteriores da Letônia neste sábado (22).

A Rússia citou a apreensão como um obstáculo importante para sua participação contínua em um acordo de grãos do Mar Negro que permite à Ucrânia exportar grãos.

Uma embarcação deixou o porto de Riga na sexta-feira com parte dos 200 mil toneladas de fertilizantes apreendidas, disse o ministério.

Vários outros navios devem transportar o restante do fertilizante, que foi apreendido em março de 2022, disse um porta-voz do ministério.

A Rússia indicou que não permitirá que o acordo de exportação do Mar Negro, negociado pela ONU e pela Turquia em julho de 2022, continue além de 18 de maio porque uma lista de demandas para facilitar suas próprias exportações de grãos e fertilizantes não foi atendida.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia citou repetidamente os fertilizantes presos nos portos do Mar Báltico como um dos principais obstáculos para a continuidade do acordo.

O governo da Letônia descreveu as remessas como uma “doação” que facilitou como “apoio aos países afetados pela crise alimentar desencadeada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia”.

Não ficou imediatamente claro se a Rússia estava satisfeita com o embarque ou se isso aumentaria as chances de uma extensão do acordo de grãos.

A medida ocorre antes de uma reunião em Nova York na próxima semana entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, para discutir o acordo de grãos, entre outras questões.

Lavrov disse que nada foi feito para resolver as preocupações da Rússia. A maior parte do fertilizante apreendido na Letônia pertence à Uralchem e à Uralkali , segundo fontes do mercado e dados vistos pela Reuters.

As empresas eram controladas pelo oligarca russo Dmitry Mazepin, que abriu mão do controle no ano passado depois que a União Europeia o sancionou em março de 2022 como “membro do círculo mais próximo de Vladimir Putin”.

O grupo Uralchem-Uralkali disse em fevereiro que pretendia doar mais de 34 mil toneladas de fertilizantes armazenados na Letônia para o Quênia.