“Este ano, na Agrishow, fato relevante é ser o ano com mais participação de mulheres. O outro foi [a participação] de latino americanos”, diz Nina Plöger, do IPDES, consultoria com foco em desenvolvimento de negócios e estratégias, e uma estudiosa de movimentos sociais no agro.
“Estou impressionada com o número de mulheres empreendedoras, ou seja, que estão à frente de suas fazendas e empresas no setor de agro. Acho que a estatística é muito positiva.” Plöger também faz parte do ForbesMulher Agro, um movimento que a Forbes Brasil lançou durante a feira e que tem como presidente a produtora rural e engenheira de alimentos Helen Jacintho.
“Aqui em nossa região temos visto muitas mulheres em posição de liderança no agro. Também penso nas próximas gerações, tenho duas filhas e quero deixar o mundo de portas abertas para elas”, afirma Daniele Alkmin Carvalho Mohallem, que está no ForbesMulher Agro. Mohallem é CEO da Agrorigem – The Coffee ID, empresa especializada em cafés especiais de origem, e também está à frente do projeto Agrorigem by Woman, dedicado a criar valor aos pequenos produtores de agricultura familiar, além de presidente da Associação das Empreendedoras do Café de Santa Rita do Sapucaí ( MG).
A Agrishow preparou um espaço para esses pequenos produtores e produtoras mostrarem e venderem seus produtos artesanais, uma iniciativa que ocorre pelo segundo ano consecutivo. Em geral, pequenos produtores de artesanais, como queijos, vinhos e doces, enfrentam um longo caminho para a legalização de sua produção. Um dos estandes que chamava a atenção pela recente história foi o da Cabanha Mulekinha, de Ibiúna (SP), que passou por uma história na qual o governo do estado veio a público pedir desculpa pelo ocorrido.
A queijaria que trabalha com leite de vacas jersey, uma das raças premium no mundo como fonte de matéria-prima de qualidade, e mesmo com a documentação de SIM (Serviço de Inspeção Municipal) já aprovada, teve sua produção de 266,5 quilos de queijo artesanal descartada por erro de um funcionário público (hoje afastado do cargo).
Não por acaso discussões, debates, seminários e outras atividades ligadas à presença de mulheres empreendedoras contaram com um espaço exclusivo, dentro do parque de exposições, chamado Agrishow Pra Elas, também uma ação que ocorre pelo segundo ano consecutivo. Durante toda a semana a agenda foi tomada por temas como sustentabilidade, histórias inspiradoras, gestão de pessoas e formação de lideranças.
Para chamar esse público, a feira vem trabalhando com uma série de mulheres, as chamadas “Embaixadoras Agrishow 2023”, para atrair o público a esses debates, entre elas produtoras com presença nas redes sociais, como por exemplo a pecuarista Andressa Biata, de Costa Rica (MS), e a agrônoma Michele Guizini, com 1,2 milhão de seguidores no TikTok.
Faz parte de um movimento também nos cargos c-level em grandes empresas e organizações, termo utilizado para designar executivos seniores mais altos de uma companhia, o movimento também ocorre com certa velocidade, mas que necessita ganhar escala. Isso ocorre em todos os setores da economia. No ano passado, as mulheres representaram 8,8% dos CEOs das empresas Fortune 500, um recorde histórico.
Produtora de grãos e fibras na Bahia, ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-presidente da Faeb (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia), além de fazer parte da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária).