Nos últimos anos, com um mercado financeiro mais próximo das operações ao longo das cadeias produtivas do agro – mas, ainda mais próximo das operações de campo –, o banco investiu em sua estrutura para atender a esse público. Até 2019, não mais que 30 pessoas formavam a equipe de agro do Itaú BBA, com foco em grandes operações e boa parte dela concentrada nas metrópoles.
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O Itaú BBA é o maior banco corporativo e de investimento da América Latina e faz parte do grupo Itaú Unibanco. Neste ano, o grupo manteve sua posição como a marca mais valiosa do Brasil, com um valor de US$ 8,7 bilhões (cerca de R$ 42,7 bilhões), representando um crescimento de 32% em relação a 2022. O maior banco da América Latina supera outras marcas, com seu valor sendo 70% maior que a segunda colocada, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria britânica Brand Finance e apresentado na semana passada.
Souza afirma que hoje a instituição olha para o agro tendo três pilares: financiamento, ESG e agricultura 4.0. Confira o que pensa o presidente do Itaú BBA:
Agro precisa de R$ 800 bi a R$ 1 trilhão
“O financiamento, obviamente no qual a gente está diretamente envolvido com o sucesso do agro, e como qualquer atividade, temos as chamadas dores do crescimento. Ele também traz desafios e uma das dores do crescimento é que a atividade cresceu tanto, passou a ter uma representatividade tão grande, que cada vez mais temos uma necessidade.
Crescimento de LCAs, CRAs e outros
“Quando a gente olha alguns indicadores, por exemplo, no estoque de CPR no mercado, há um crescimento absolutamente extraordinário de mais de 80% nos últimos 12 meses. Em volume de transações mais do que dobrou.
Quando a gente vai olhar para os instrumentos financeiros, nas LCAs também vê um crescimento. Não teve nenhum outro instrumento financeiro que nos últimos 12 meses mostrou o crescimento que a gente observou nas LCAs, com um estoque acima de R$ 400 bilhões. Quando a gente olha para os CRAs é outro outro instrumento que também tem tido um crescimento absolutamente impressionante, de mais de 100% nos últimos dois anos e já superando um estoque de R$ 100 bilhões”
O Fiagro entra em cena
“Não menos importante, o instrumento mais recente e que a gente acredita que vai ter um papel muito relevante para o agronegócio ao longo dos próximos anos e décadas é o Fiagro, o Fundo de Investimento do Agronegócio aqui. O Fiagro tem cerca de dois anos. Desde o primeiro lançamento do Fiagro, que por acaso foi feito por nós no Itaú BBA, ele já atraiu mais de 200 mil cotistas investidores.
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Nossa visão é que o Fiagro tem a possibilidade de ser uma parcela de funding muito importante. Para ter uma referência, a indústria de fundos no Brasil é uma indústria de R$ 7,6 trilhões nos fundos imobiliários. O agro tem uma participação na economia maior do que o setor imobiliário. Eu consigo ver, com muita tranquilidade, que nós vamos ver centenas de bilhões de reais nos Fiagros ao longo dos próximos anos.”
A fronteira do mercado financeiro no agro
“A última fronteira que vejo com uma oportunidade enorme para o agro crescer e se desenvolver está relacionada obviamente ao mercado de capitais, através da emissão de ações. É absolutamente incompatível, quando a gente olha para a relevância que o agro tem na nossa economia.
Do ponto de vista do valor de mercado das empresas do agronegócio que estão listadas, elas representam 2% do valor de mercado. Pouco mais de uma dezena de empresas do agronegócio estão listadas. Vale destacar que a partir de 2021, com a alta de juros, esse mercado deu uma esfriada importante. Desde 2021 tivemos seis empresas do agronegócio indo ao mercado.
Carteira para o agronegócio
“O Itaú BBA tem acompanhado e acelerado muito seu crescimento no setor. Hoje, o agro é nossa principal carteira. A nossa operação tem R$ 500 bilhões de crédito para apoiar o setor e é onde a gente tem a maior exposição. Nós temos R$ 90 bilhões hoje de crédito concedido.”
Crédito com sustentabilidade
“Para ter acesso a esse funding e na dimensão que o agronegócio, cada vez mais a sustentabilidade e governança se tornam muito importantes. O elemento de governança, com transparência das informações, relatório gerenciais, a gestão de riscos. A atividade do agro se remunera pelo operacional. Fazer uma boa gestão de risco, do ponto de vista do portfólio, é absolutamente fundamental.”
Governança e transição de geração
“Na pauta de governança, a gente está começando a observar uma transição de gerações como nunca se viu no negócio, pelo menos nesta dimensão, nos últimos 40 anos. A governança saiu de uma certa relevância para uma enorme relevância.
Agricultura 4.0 e o futuro do setor
“O principal fator de crescimento da atividade do agronegócio nos últimos anos, no Brasil, está muito mais relacionado ao aumento da produtividade. Essa é uma pauta em que as exigências não param. O movimento, que acontece em diversos stakeholders na comunidade global, é uma barra que não para de subir. É absolutamente fundamental que o agro esteja cada vez mais atento a isso.
O protagonismo do setor está relacionado à agricultura 4.0. A gente já entrou numa época de disrupção, de transição, na qual o uso de dados e da Inteligência Artificial vão certamente oferecer uma oportunidade muito grande para o agro no Brasil. Parte do sucesso que a gente vê na operação do agro, nas últimas décadas, está diretamente relacionado ao fato de que o setor sempre esteve, não só aberto à inovação, mas que abraçou a inovação e puxou a inovação sempre de uma maneira muito importante. Esse desafio, agora, está passando por mais uma nova etapa.”