Voltando às origens recentemente, a Albert Bichot se tornou uma das primeiras grandes empresas vinícolas da Borgonha a obter certificação orgânica em suas vinhas próprias. A empresa também adotou outras práticas sustentáveis, como a redução do peso de algumas de suas garrafas de vinho e o uso de materiais reciclados na maioria de suas embalagens, como rótulos, vidro e papelão.
Leia também:
- 6 tendências para o mundo dos vinhos que impactam o clima e o gosto do consumidor
- Como essa empresária está abrindo o mundo do vinho para mulheres
- Brasil recebe primeira Indicação Geográfica de vinhos tropicais
“A família está comprometida em cuidar do meio ambiente”, afirma Mangenot. “E ser orgânico é importante para proteger o meio ambiente, bem como os funcionários. Começamos a buscar a certificação orgânica em 2000 e levamos mais de 10 anos. As vinhas foram certificadas em 2014, e o vinho é reconhecido na Europa como orgânico desde 2018.”
Dado que a Albert Bichot é uma das maiores empresas vinícolas da Borgonha, com seis propriedades e um total de 110 hectares de vinhedos, alcançar a certificação em 100% da área é uma grande conquista. Até o momento, cinco das propriedades receberam a certificação oficial, e a sexta está programada para 2025.
Utilizando uvas orgânicas e sustentáveis na Borgonha
Embora existam outras vinícolas na Borgonha que cultivem no sistema orgânico, poucas obtiveram certificação oficial. Isso ocorre porque a certificação envolve um processo rigoroso de documentação de três anos para provar que estão usando apenas materiais orgânicos na vinha e na vinícola. Todos os processos são validados anualmente por auditores independentes, e a empresa deve pagar uma taxa de auditoria a cada ano.
“Somos proprietários de 110 hectares e compramos uvas de cerca de 500 hectares, além de vinho a granel”, explicou Mangenot. No total, a empresa produz de 6 a 7 milhões de garrafas de vinho por ano, com receitas anuais aproximadas de 17 milhões de euros (R$ 90,6 milhões). A vinícola possui 180 funcionários e oferece vinhos da maioria das principais regiões da Borgonha, como Chablis, Cote de Nuit, Beaune, Mâconnais, Beaujolais e outras.
Mas, nos EUA, a Albert Bichot não pode usar a certificação orgânica para os seus vinhos, por causa das diferenças de regulamentação entre a UE e os EUA. Na Europa, os vinhos orgânicos são rotulados como ‘Bio’ e devem ser feitos com uvas cultivadas organicamente, mas podem conter até 100 mg/L de sulfitos (um conservante natural) para vinhos tintos. Nos Estados Unidos, nenhum sulfito é permitido em vinhos orgânicos. Por isso, a maioria dos produtores orgânicos nos EUA apenas rotula seus vinhos como sendo feitos com uvas orgânicas e não como sendo vinhos orgânicos.
Vinhos da Albert Bichot agora podem ir em garrafas mais leves
“O próximo passo é analisar nossa pegada de carbono”, afirma Mangenot. Ele citou algumas das ações que a empresa já tomou nesse sentido, incluindo a redução do peso das garrafas. “Usamos cobertura vegetal nas vinhas e cavalos para a lida nas vinhas do Chateau Gris, por causa dos terraços íngremes. Também começamos a reduzir o peso das garrafas há 3 a 4 anos”.
“No entanto, não podemos reduzir o peso das garrafas em alguns países, porque em um Grand Cru exigem uma garrafa pesada”, explica Mangenot.
A empresa também utiliza vidro reciclado em 80% a 90%, imprime seus rótulos em papel reciclado e biodegradável e foca na gestão florestal, bem-estar dos funcionários e dos animais. Eles também renovaram recentemente o design de seus rótulos para que fossem mais modernos e também refletissem sua história com o logo do cervo e sua visão eco responsável.
Vinho feito com uvas orgânicas tem um sabor melhor?
Quando perguntado se ele acredita que o cultivo orgânico impacta o sabor e a qualidade do vinho, Mangenot respondeu: “As uvas orgânicas adicionam complexidade, textura, frescor, duração e finalização ao vinho. A qualidade e a consistência são melhores com o cultivo orgânico. Isso influencia o consumidor”.
No total, a Albert Bichot produz 105 tipos diferentes de vinhos, com foco em chardonnay, pinot noir, aligoté, gamay e vinhos espumantes de diferentes denominações da Borgonha.
“Quando se pensa em Borgonha, todos visualizam os vinhos de alto padrão, mas a Borgonha não é apenas isso”, afirma Mangenot. “Além dos vinhos premier e grand cru de alta qualidade que produzimos, o mercado também demanda vinhos regionais leves e frutados da Borgonha a preços acessíveis. Portanto, 50% de nossa produção são vinhos regionais acessíveis, como nosso Bourgogne Blanc, Rouge, Aligote, Crémant e Chablis.”
A Albert Bichot vende seus vinhos em mais de 100 países. Seu principal mercado é a França, com 35% das vendas, seguido pelo Canadá, Estados Unidos, Hong Kong, Japão e Singapura. No Brasil, eles podem ser comprados em market places como Sonoma, Adega Bartolomeu, Winebrands, Divvino, entre outros.