“Gosto de falar que o azeite é o suco da fruta”, disse, também nesta semana em um encontro de produtores com especialistas, Vanessa Bianco, produtora do azeite Gamarra, no município de Baependi (MG), na Serra da Mantiqueira. Além de produtora, Bianco é diretora da Assoolive (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira e Sudeste), entidade que reúne 35 produtores, entre pequenos e médios, que estão colocando no mercado 150 mil litros por ano, em um ritmo de crescimento da ordem de 15% ao ano.
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Diversificar, para esse grupo, significa propor ao consumidor uma variedade de azeites e, ao mesmo tempo, construir um ambiente de educação. Na região da Mantiqueira, a maior parte dos azeites são oriundos de espécies de frutas da Espanha, Grécia e Itália, das variedades Arbequina, Koroneiki, Grappolo, Arbosana e Coratina. O país tem uma única variedade de azeitona desenvolvida, que é a Maria da Fé, nome do município mineiro de mesmo nome. Fica por conta do terroir de cada um dos azeites as suas particularidades.
“Por isso, o Brasil vem ganhando cada vez mais títulos em concursos internacionais”, afirma Bianco. “E também os nacionais, o que vai colocando os produtores em destaque.” Sua produção está neste grupo. Em 2019, 2020 e 2021, ela ganhou medalhas no Brazil Iooc (Brazil International Olive Oil Competition). No ano passado, além desse, acrescentou ao currículo sua estreia no Flos Olei Guia Italiano 2023.
Entre os produtores mais adiantados nessa corrida por premiações está o olival Sabiá, em Santo Antônio do Pinhal (SP), que pertence à jornalista Bia Pereira e ao administrador e publicitário Bob Vieira da Costa. Na prateleira estão 55 prêmios. O mais recente em importância veio no ano passado, quando o projeto da dupla entrou para a lista dos 10 melhores azeites do mundo com o inédito prêmio a um azeite brasileiro no Evooleum Awards, organizado há 20 anos pela editora espanhola Mercacei e pela AEMO (Associação Espanhola de Municípios Olivais). Foi a primeira vez que um azeite brasileiro entrou para a lista do top 10 entre os 100 melhores do mundo.
Azeite com jeito de Brasil
A sommelier de azeite Cláudia Santos, vai na mesma linha. Ela estudou cozinha francesa na École Ducasse (uma referência ao chef francês Alain Ducasse), é e mestra de lagar da fazenda Serra dos Tapes, uma área de 210 hectares que mantém junto com o marido, o empresário Jerônimo Santos, no município de gaúcho de Canguçu. , uma área considerada grande para os padrões do cultivo de oliveiras. “Um bom azeite tem a capacidade de potencializar e tornar um prato ainda melhor”, afirma.
Não foi por acaso que nesta semana Cláudia apresentou o projeto “Azeite Potenza Claude Troisgros”, um dos mais importantes nomes da gastronomia brasileira, para assinar uma linha de produtos. “Sou apaixonado por este país que escolhi para viver e poder revelar joias que valorizam a minha gastronomia é uma imensa felicidade”, diz Troisgros. “Ao conhecer Cláudia, uma apaixonada pela gastronomia francesa, rapidamente ela se mostrou interessada em produzir uma variedade com a minha assinatura.”
A produtora é uma das que contribuem para mudar o pêndulo da balança do atual cenário do mercado brasileiro importador de azeite. Em 2022, o país importou 110,4 milhões de litros de azeite de oliva, por US$ 540,6 milhões, segundo dados do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Junto com 2020, com praticamente o mesmo volume de compras, esses dois anos representam um recorde histórico de aquisições no exterior, com um detalhe que conta: no ano passado, os gastos foram 22% maiores, ou seja, chegaram ao país azeites mais valorizados. Exatamente o que querem os produtores brasileiros de azeite nesta competição, vender produtos de maior valor agregado.