No Brasil, a biomassa – a partir da queima do bagaço e da palha da cana-de-açúcar nas usinas de etanol e açúcar – é a principal fonte de bioeletricidade nas energias renováveis. No entanto, a cogeração de energia vinda da biomassa pode ter diversas origens, como outros resíduos de lavouras de arroz; da indústria madeireira com o licor negro, óleos vegetais, biogás e biometano a partir de dejetos animais, entre outros. “A cogeração é fundamental para uma matriz elétrica mais equilibrada, economizando água nos reservatórios das hidrelétricas”, diz Newton Duarte, presidente da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (COGEN), entidade que reúne companhias como Raízen, Tereos, Usina Colorado, Atvos, Suzano, Siemens, Comgás, entre outras.
Cada tonelada de cana moída produz 250 quilos de bagaço e 200 quilos de palha, que podem ser destinados à cogeração de bioeletricidade. Na safra 2022/23, que vai de abril de um ano a março do ano seguinte, o volume de cana-de-açúcar processada foi de 548,28 milhões de toneladas na região Centro-Sul do país, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA). A consultoria DATAGRO, a maior do país para a cana, prevê, no ciclo 2023/24 uma moagem de 598,5 milhões de toneladas, um crescimento de 9,2%.
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Nos últimos 15 anos, entre 2008 e o ano passado, a geração acumulada de bioeletricidade sucroenergética para a rede foi de 238.105 GWh. O Observatório faz uma equivalência comparando as várias frentes de seu uso. Essa bioeletricidade seria suficiente para suprir o consumo de energia elétrica do mundo por quatro dias, ou da União Europeia por 31 dias. Entre os países, ela abasteceria a China por 16 dias, os Estados Unidos por 22 dias, o Reino Unido por 281 dias, Portugal por mais de 4 anos e a Argentina por 2 anos. No mercado local, equivale a quase seis meses de abastecimento do país e a um ano, se considerada a região Sudeste, a que mais consome energia local.
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A estimativa da COGEN para 2023 é de que a capacidade de cogeração de energia do país possa crescer entre 400 MW e 500 MW, a partir da biomassa e gás natural. O Brasil possui 652 usinas de cogeração, das quais o bagaço da cana-de-açúcar responde por 386 usinas. Para processar o licor negro, há 21 usinas (com capacidade de 3,41 GW) e 50 para biogás (com capacidade de 371 MW), o que representa 1,8% da cogeração.
*Reportagem publicada na Revista Forbes (que pode ser acessada no aplicativo ou no impresso) que integra o Especial ESG na edição 108.