A medida, cujo objetivo final é reforçar as escassas reservas cambiais do banco central (BCRA) com um aumento nas exportações de soja e seus derivados de óleo e farelo, foi antecipada pelo governo na semana passada.
Embora o Secretário da Agricultura tenha dito inicialmente, em uma coletiva de imprensa na última terça-feira (5), que a moeda estrangeira estaria disponível apenas para as importações de soja, o decreto não faz tal esclarecimento. Uma fonte da secretaria disse que ela poderia ser usada para compras internas e externas.
Devido às suas baixas reservas, a Argentina converte automaticamente em pesos os dólares que entram no país para exportação — atualmente fixados até o final de outubro em 350 pesos por dólar — enquanto o acesso à moeda estrangeira para a importação de produtos é altamente regulado pelo Estado.
Com a medida, os agroexportadores poderiam trocar 25% da moeda estrangeira nos mercados de câmbio alternativos “CCL” ou “MEP”, onde os ativos são comprados em pesos e convertidos em dólares para garantir o poder de compra diante da pressão de desvalorização da moeda argentina.
Assim, a taxa de câmbio implícita no fechamento da segunda-feira seria de cerca de 455 pesos por dólar, bem acima da paridade oficial. Com essa medida, os analistas estimam que o governo conseguirá arrecadar cerca de US$ 2,5 bilhões.
Diante da quebra de safra, argentinos têm buscado mais soja no exterior, especialmente no Brasil, para processá-la e para exportar farelo e óleo.
A câmara de processadores e exportadores de grãos da Argentina, CIARA-CEC, disse em seu último relatório de atividades que, no primeiro semestre de 2023, o volume de soja processada caiu 26% em relação ao ano anterior, para 14,9 milhões de toneladas.