O investimento de R$ 30 milhões da Jalles foi feito em parceria com a Albioma, empresa francesa especialista na geração de energia a partir da biomassa e que está no Brasil desde 2014. No ano passado, passou a atuar no país também no mercado de energia solar.
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Fundada em 1980, o negócio pertence ao grupo Otávio Lage, donos majoritários das empresas Planagri S.A. e Vera Cruz Agropecuária, mais as famílias Kinjo, Morais Ferrari, Jair Lage e Braoios. Na temporada 2022/23, a companhia processou 5,093 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Para a safra 2023/24, que começou em 1º de abril, a estimativa é de uma moagem de 7,302 milhões de toneladas.
O investimento na planta de biogás faz parte de um pacote anunciado em 2021 de recursos da ordem de R$ 517,4 milhões nas unidades de Goianésia, na época, para aumentar a capacidade industrial em 1 milhão de toneladas de cana, passando de 5,3 milhões para 6,3 milhões de toneladas.
Para Christiano Forman, diretor-presidente da Albioma00, o projeto “mostra as oportunidades comerciais significativas que existem num contexto de demanda crescente por combustíveis renováveis tanto no Brasil como globalmente”.
Adequada como adubo, por conter nutrientes como potássio, fósforo e nitrogênio, a vinhaça pode render ainda em um projeto de biogás. Isso porque, por possuir açúcares em sua composição, com o novo negócio, antes do líquido pastoso ir para o campo ele será enviado a um reator anaeróbio (um reservatório sem presença de oxigênio), onde será fonte de matéria orgânica para microrganismos. Desse processo são extraídos três tipos de biogás: metano, dióxido de carbono e sulfídrico. Esse biogás, então, é enviado à caldeira onde se junta ao bagaço da cana (hoje já utilizado para produzir bioeletricidade), incrementando a geração de energia elétrica.
“O setor sucroenergético brasileiro oferece alternativas de investimento atrativas para a Albioma na produção de biogás e biometano”, afirma Forman. Com a queima do biogás na caldeira, 22GWh serão exportados para o Sistema Interligado Nacional, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 30 mil habitantes por ano.
De acordo com o BEP (Programa de Energia para o Brasil), um programa de cooperação com o governo britânico e executado por um consórcio de organizações, entre elas a FGV, Adam Smith International, Carbon Limiting Technologies, Hubz e Instituto 17, o potencial de biogás no setor sucroenergético brasileiro é de cerca de 10,8 milhões de metros cúbicos por ano. Segundo a Irena (Agência Internacional de Energia Renovável), a capacidade instalada global de geração de energia elétrica com a fonte biogás é de 21.574 MW. Seis países além do Brasil (Alemanha, EUA, Reino Unido, Itália, China e França) respondem por mais de 70% dessa energia.