Os resultados da primeira fase de testes se mostraram muito promissores. Isso porque a pulverização de precisão para os fungicidas é uma alternativa viável atualmente e a indústria bananeira tem se mostrado interessada no potencial pulverizador dos vants.
Uma ideia na cabeça e um vant no ar
A empresa Pyka foi fundada em 2017 por Michael Norcia, empresário do setor de aviação. Ele se formou em física e ciências da computação e, inicialmente, trabalhou com empresas que buscavam desenvolver aeronaves autônomas para transporte humano de passageiros. Vendo que a tecnologia poderia levar décadas para ser desenvolvida, Norcia optou por se concentrar em aplicações mais realistas de curto prazo para carga e agricultura.
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A equipe de Norcia desenvolveu vants leves de fibra de carbono, movidos a eletricidade. Pyka e Dole têm feito os testes iniciais no “mundo real” com o modelo ‘Pelican Spray’ em plantações de Honduras. Os equipamentos testados têm envergadura de 11,5 metros e pesam cerca de 600 quilos, dos quais cerca de metade são baterias. O vant pode viajar a 130 km por hora a 2,7 metros acima das plantas. No comparativo com outras opções de mercado, ele apresenta maior capacidade operacional do que a maioria dos drones agrícolas existentes.
Os vants da empresa podem pulverizar cerca de 15 minutos, sendo necessária a troca de bateria, enquanto outro operador reabastece o tanque com o insumo. Em relação à mão de obra, a quantidade de funcionários é praticamente a mesma de uma aplicação aérea tripulada, mas as funções são muito menos estressantes e perigosas.
O aparelho utiliza quatro baterias por drone, com três cargas sequenciais. O consumo é baixo, equivalente às bombas de água de uma operação. Os vants também não exigem uma pista, como é o caso das aeronaves, e podem fazer um trabalho muito mais preciso de aplicação de fungicidas porque são guiados por sistemas RTK – uma espécie de super GPS com precisão espacial de até um centímetro.
Enquanto isso, a empresa Pyka está expandindo o negócio para outras culturas, conforme avança a regulação geral para o uso de drones e vants agrícolas. Segundo os executivos, o Brasil, particularmente, apresenta um cenário mais avançado, embora também progrida nos Estados Unidos, onde a tecnologia Pyka foi recentemente aprovada pela FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA). Equipes da empresa estiveram recentemente no Brasil e a expectativa é de que até 2024 estejam também no país. A expectativa é que os vants se tornem uma tecnologia cada vez mais comum para a agricultura.
Entenda por que tem vants no bananal
A banana é muito saborosa e nutritiva, ideal para as dietas modernas. Ela é a fruta mais consumida no mundo, com 59 milhões de toneladas por ano. Nos EUA, a banana ocupa a mesma posição, sendo a terceira com maior disponibilidade no país. O Brasil é o segundo maior consumidor. Bananas podem ser armazenadas fora da geladeira e são adequadas para crianças como uma excelente fonte de potássio, virtudes que conquistam os consumidores.
A banana, que somente pode ser cultivada em áreas tropicais, precisa ser transportada para mercados como os EUA, ou outro país, por via marítima, que é um meio eficiente, oferece baixa pegada de carbono e ainda gera renda adicional através do “back haul” (vai com uma carga e retorna com outra). Essa remuneração extra no transporte pode impactar em preços mais baixos da fruta para o consumidor final.
As Cavendish são colhidas no estágio certo de maturidade, ainda verde, mantidas a temperaturas controladas no navio e expostas ao hormônio vegetal natural etileno em “salas de maturação”, até chegarem ao destino final, o varejo. Mas isso somente funciona se as bananas, no pomar, estiverem protegidas também de uma doença fúngica chamada cercosporiose ou mal-de-Sigatoka. Ela pode dizimar até 50% da produção.
O fungo Sigatoka não infecta diretamente os frutos, mas se houver muita contaminação nas folhas de uma planta, a produção pode amadurecer durante o transporte e chegar aos portos ‘preta’, ou seja, passada do ponto de comercialização, como acontece quando deixamos muito tempo na fruteira.
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Para manter a doença sob controle, as bananeiras devem ser tratadas com fungicidas semanalmente e as pulverizações, geralmente, são feitas por meio de aviões. Os insumos usados têm pouca toxicidade para pessoas ou animais, mas o processo é desafiador e um tanto perigoso para os pilotos, além de ser difícil evitar a deriva para outras áreas. Além disso, a produção orgânica não é uma opção em larga escala, por causa da pouca disponibilidade de pesticidas destinados a esse tipo de manejo, como o óleo mineral e o extrato da própria planta.
* Steven Savage, colunista da Forbes EUA, é biólogo pela Universidade de Stanford e doutor pela Universidade da Califórnia, em Davis.