O anúncio das empresas de laticínios é um divisor de águas nos esforços globais para enfrentar o aquecimento global. Sendo esta a primeira vez que entidades do setor agrícola, especificamente empresas de laticínios, se comprometem coletivamente a combater as emissões de metano.
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O desenvolvimento representa uma mudança significativa de foco. Historicamente, os esforços e compromissos para reduzir as emissões de metano se concentraram predominantemente no setor do petróleo e do gás, embora a agricultura seja a maior fonte de emissões de metano. Vale registrar que as emissões de metano relacionadas com o petróleo e o gás ocorrem em diferentes fases de perfuração e produção e, por vezes, quando os poços de petróleo são abandonados.
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- A importância desta medida não deve ser superdimensionada, mas é importante equilibrar a celebração do acordo com o foco no futuro. Isso significa que todas as partes interessadas estão tomando medidas decisivas e eficazes, garantindo que anúncios como estes se traduzam em progressos substanciais na mitigação das alterações climáticas.
O que é necessário agora?
O que é necessário agora é a responsabilização, porque as pessoas, de modo geral, já estão cansadas de promessas climáticas não cumpridas. Por exemplo, os países desenvolvidos, na COP 15, prometeram pagar US$ 100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento, promessa que ainda não foi cumprida. Para garantir uma maior responsabilização por este anúncio, é portanto essencial que todas as principais partes interessadas – incluindo governos e investidores – supervisionem e façam cumprir ativamente estes compromissos.
Ação para governos
Os governos devem refletir com ousadia a redução do metano proveniente da agricultura nos seus novos planos e compromissos nacionais em matéria de clima. Quase 151 países, dos 193 que assinaram o Acordo de Paris, que estabelece a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius até 2050 – por meio das NDC (Contribuições Determinadas Nacionalmente, na sigla em inglês). Estas NDC podem ser vistas como planos de ação nacionais.
Atualmente, as contribuições determinadas em nível nacional apresentadas pelos EUA refletem apenas a ambição de gerir o metano proveniente do petróleo e do gás, bem como do estrume animal, que constituem apenas uma parte das emissões de metano. A fermentação entérica, responsável pelo dobro do metano liberado em comparação ao manejo de esterco da agricultura nos Estados Unidos, também merece atenção. A fermentação entérica é o metano liberado do processo digestivo do gado e pode ser reduzida por inovações como aditivos alimentares redutores de metano.
Ação para investidores
No mercado, investidores com ações ou qualquer outra participação nestas empresas têm um papel fundamental em responsabilizá-las pela monitorização e relatórios periódicos. Devem aproveitar a interação com as empresas, por meio de iniciativas de envolvimento para verificar a existência de greenwashing, o que significa compromissos ousados assumidos sem qualquer ação ou evidência.
A Iniciativa FAIRR, uma rede colaborativa de investidores que aumenta a conscientização sobre os riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança (ESG) no setor alimentar global, analisou as emissões de 60 dos maiores produtores de gado e descobriu que apenas duas dessas empresas estabeleceram metas para reduzir as emissões de metano. Definir metas claras e mensuráveis é crucial; sem elas, é como atirar no escuro – os esforços podem ser bem-intencionados, mas carecem de direção e impacto. Agora, parece que a aliança leiteira se concentrará na medição e na elaboração de relatórios, mas sem estabelecer metas específicas, mas isto pode não ser suficientemente motivador.
*Simi Thambi é colaboradora da Forbes EUA e economista climática. Já trabalhou com organizações como as Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional e governo da Índia. Atualmente lidera o trabalho de avaliação de cenários de risco climático para a Iniciativa FAIRR, rede global com cerca de 380 investidores e US$ 70 trilhões em ativos combinados.